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O presidente Jair Bolsonaro (PL) assinou, nesta terça-feira (8), Dia Internacional da Mulher, um decreto de proteção à saúde menstrual, junto com a distribuição gratuita de absorventes e outros itens de higiene pessoal.

Em 2021, ele vetou a distribuição com a justificativa de que o texto da proposta não informava de onde sairia a verba.

Para especialista da área, a higiene menstrual é um direito de todas as pessoas, e para falar sobre o assunto, a TV Cultura conversou com a ginecologista e obstetra Dra. Camila Ramos, e a obstetriz e fundadora da Inciclo Mariana Betioli.

Segundo Betioli, só existe pobreza menstrual porque quase não se falou sobre menstruação num âmbito maior até pouco tempo. “Não podemos mais ignorar que as mulheres sangram quase uma semana por mês e precisam fazer alguma coisa para conter esse sangue de forma digna e saudável para que possam seguir com todas as outras atividades”.

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Em geral, as pessoas mais afetadas são aquelas que fazem parte das camadas da sociedade com menor poder aquisitivo, que consequentemente têm menos acesso à informação.

Pesquisa realizada pela Inciclo em parceria com a Espro aponta que uma em cada três brasileiras de 14 a 24 anos já deixou de comprar absorventes por falta de dinheiro.

E ainda revela que por questões financeiras 42% das adolescentes e jovens brasileiras que menstruam utilizam um absorvente por mais tempo que o ideal. A falta de dinheiro para adquirir um protetor íntimo já foi vivida por 32% dessas pessoas. A indisponibilidade de um absorvente já fez com que 32% delas deixassem de ir a alguma festa ou encontro, 20% perdessem um dia de aula e 11% faltassem ao trabalho.

“Além de iniciativas para distribuir produtos de higiene menstrual, é também necessário um trabalho de educação. Hoje, muitas mulheres não sabem o tempo correto de uso dos produtos menstruais e acabam usando por muito tempo, o que aumenta o risco de infecções vaginais”, ressaltou Mariana.

Realizado entre os meses de setembro e outubro de 2021 por meio de um questionário online, com 3.735 jovens com idade média de 19 anos, de diferentes estados pelo país e pertencentes a famílias com variados perfis de renda, ainda mostrou que a falta do produto levou 37% das participantes a utilizarem algum produto substituto, como papel higiênico, panos/roupas velhas ou algodão para o cuidado íntimo.

De acordo com Camila, utilizar esses tipos de materiais pode trazer problemas à saúde íntima como urticária, infecções vaginais por fungos ou bactérias e até mesmo lacerações no canal vaginal.

Além da distribuição de absorventes em escolas públicas e postos de saúde, a educação sobre o próprio corpo em ações sociais e a garantia de saneamento básico, são formas apontadas pelas especialistas para combater a pobreza menstrual.

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Uma dúvida comum encontrada entre as mulheres está relacionada a questão dos coletores e calcinhas menstruais serem opções viáveis e confiáveis para o período menstrual. “Amplamente usados e comprovados, os coletores menstruais são uma ótima opção. Mais novos no mercado, as calcinhas reutilizáveis e absorventes têm demonstrado grande satisfação entre as usuárias, além de não apresentarem risco para a saúde íntima”, afirmou Camila.

Por fim, ao falar sobre conquistas no Dia Internacional da Mulher, Betioli ressalta que ainda há muito a se caminhar e que a igualdade de gênero na sua totalidade é um exemplo. “A igualdade de gênero vai muito além do direito ao voto e acesso às universidades. O acesso a produtos adequados para a menstruação é essencial para que de fato possamos ter a mesma liberdade e autonomia durante todos os dias do mês”.