O delegado da Polícia Federal Bruno Calandrini disse que o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, "estava ciente da execução de busca e apreensão em sua residência". A informação foi divulgada pelo portal UOL.
As informações constam em despacho enviado pelo Calandrini à Justiça. “Nos chamou a atenção a preocupação e fala idêntica quase que decorada de Milton com Waldemiro e Adolfo e, sobretudo, a precisão da afirmação de Milton ao relatar à sua filha Juliana que seria alvo de busca e apreensão, informação supostamente obtida através de ligação recebida do Presidente da República”, disse o delegado.
“As transcrições das conversas datadas acima evidenciam que MILTON RIBEIRO estava ciente da execução de busca e apreensão em sua residência e externa preocupação com os pastores GILMAR e ARILTON”, consta no documento.
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O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro disse em conversa com a filha que o presidente Jair Bolsonaro (PL) o contou sobre a operação de busca e apreensão que a Polícia Federal (PF) faria na casa dele na última quarta-feira (22). O diálogo foi divulgado nesta sexta-feira (24) pela GloboNews.
A ligação foi grampeada em 9 de junho e está em investigação na Polícia Federal. A operação da PF ocorreu em 22 de junho, quando o ex-ministro e pastores foram presos. Ribeiro foi preso por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
Confira a conversa:
- "A única coisa meio... hoje o presidente me ligou... ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?", disse Ribeiro.
- "Ele quer que você pare de mandar mensagens?", pergunta a filha na ligação.
- "Não! Não é isso... ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... em casa... sabe... é... é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?", continuou o ex-ministro.
O Ministério Público Federal (MPF) apontou uma possível interferência do presidente nas investigações sobre o caso. Com isso, o órgão pediu que a investigação fosse enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF).
No STF, a investigação será analisada pela ministra Cármen Lúcia. A magistrada era a relatora do inquérito sobre a atuação do ex-ministro Milton Ribeiro e de pastores na Corte. Quando o ex-ministro pediu demissão da pasta, a investigação saiu do STF e foi para a primeira instância.
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