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O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ foi criado em 28 de junho mas é celebrado durante todo o mês, anualmente. A data foi criada para conscientizar e reforçar a importância do respeito, da promoção de equidade social e profissional.

É por causa da revolta dos frequentadores do bar Stonewall Inn, um dos estabelecimentos gay mais conhecidos de Nova York, nos Estados Unidos, nos anos de 1960, que o orgulho LGBTQIA+ é celebrado em junho — o Dia do Orgulho é na mesma data em que aconteceu o levante em Nova York.

A polícia tinha um mandato para fazer a inspeção do Stonewall Inn. Como dessa vez os donos do bar não foram avisados, quando a polícia chegou, prendeu 13 pessoas, desde funcionários a frequentadores do bar.

O dia 28 de junho de 1969 é considerado o marco do movimento de liberação gay e o momento em que o ativismo pelos direitos LGBTQIA+ ganha o debate público e as ruas.

Entre junho e julho, as principais cidades do mundo apresentam suas paradas, com multidões nas ruas levantando a bandeira do arco-íris, símbolo do Orgulho LGBTQIA+.

Mercado de trabalho

A Coqual realizou uma pesquisa na qual foi constatada que 33% das empresas existentes no Brasil não contratariam pessoas LGBTQIA+ para cargos de chefia, e 41% dos funcionários LGBTQIA+ afirmam já terem sofrido algum tipo de discriminação em razão de sua orientação sexual ou identidade de gênero no ambiente de trabalho. 

Um levantamento realizado em 2021 pela consultoria Mais Diversidade para mapear o perfil da comunidade LGBTQIA+ no mercado de trabalho, revela que mais da metade dos entrevistados (54%) não sente segurança para falar abertamente sobre a própria orientação sexual ou identidade de gênero no ambiente profissional.

A pesquisa também revela que 74% dos entrevistados sentem falta de um ambiente de trabalho mais inclusivo, enquanto para 54% é preciso mais referências de pessoas LGBTQIA+ no mercado profissional.

É o caso do Gabriel Seabra, de 33 anos, homem transgênero, que já foi censurado pelo seu chefe em seu serviço anterior. “Um gestor várias vezes errava meus prenomes, cheguei a ter crise de ansiedade por essa razão e fui repreendido pelo mesmo, pois estaria “dando show, constrangendo-o perante a empresa."

Seabra atualmente trabalha como supervisor de KYC/Compliance em uma empresa inclusiva e diversa, mas acredita que para a maioria das organizações sua identidade de gênero pode ser um fator eliminatório.

O mês do Orgulho LGBTQIA+ representa muito para ele e a luta diária que enfrenta para ser quem é. “Orgulho da minha luta, de tudo que passei até aqui, orgulho por bater no peito e ser quem eu sou, diante de todos os obstáculos, sou o Gabriel, e vivo isso intensamente a cada dia."

O estudante Mateus Borges, homossexual, em uma entrevista de emprego sempre diz qual é sua orientação sexual. “Tem empresas que dependendo da política dela, imagino que minha orientação possa ser um problema, ainda assim deixo claro, pois se eu não for contratado por isso, é um livramento não uma oportunidade que perdi."

“Uma empresa que não contrata alguém pelo fato de que não é hetero, com certeza é uma empresa, ao menos para mim, sem muita credibilidade e qualidade pelo fato de um currículo bom ser dispensado simplesmente porque não concordam com quem o outro se relaciona”, completa.

Para o estudante, as empresas aproveitam o mês do orgulho para demonstrarem apoio, mas a dificuldade para inclusão da comunidade no mercado de trabalho continua grande.

“Eles explicam o que significa umas quatro siglas do movimento, mas não contratam pessoas da comunidade, não aceitam o nome social, mas dizem que são inclusivas e que amam os gays”, diz.

O que diz o profissional de Recursos Humanos

A analista Graziele Ribeiro, formada em Gestão de Recursos Humanos, com extensão em Gestão de Pessoas e negociação e pós graduanda em Administração de Recursos Humanos, diz que os empregadores ainda têm esse preconceito e já presenciou situações de exclusão de candidatos.

“Já acompanhei diversos casos, no ambiente profissional e pessoal, onde claramente candidatos foram reprovados em processos seletivos por motivos de preconceito. Considerando os fatores qualitativos, pude perceber que alguns eram qualificados demais, e infelizmente não tiveram sucesso no processo por um fator que jamais deveria entrar em avaliação”, declara.

A profissional ainda diz que o recrutador precisa ter uma preparação antes das entrevistas para que a comunidade LGBTQIA+ possa se sentir confortável e acolhida durante o processo.

“No primeiro contato da empresa, que geralmente ocorre em uma entrevista, os recrutadores devem ser preparados para que não ocorra nenhum desgaste e constrangimento durante o processo, pois é onde tudo começa. Como recrutadora já implantei melhorias, como inserir campos em formulários para que as pessoas possam preencher seus nomes sociais, e gêneros que se identificam”, explica.

Graziele acredita ainda que a conscientização, por meio de palestras e campanhas seja a palavra-chave para que os empregadores possam contribuir para não haver preconceito entre os funcionários. “As empresas devem ter orgulho das pessoas que compõem a sigla LGBTQIA+ em suas equipes, todos devem se sentir acolhidos, pois acima de tudo eles são pessoas, todos somos iguais”, pondera.

Desafios da comunidade

Os desafios enfrentados pela população LGBTQIA+ no Brasil, vai muito além da crise econômica existente. O preconceito enfrentado pela comunidade é um desafio diário para cada um.

Segundo Borges, ele não se sente seguro no nosso país. “Não posso segurar na mão de outro homem e sair por ai de mãos dadas a noite em um local pouco movimento porque logo penso que um homofóbico pode aparecer”, desabafa.

A dificuldade de serem aceitos pela sociedade ainda é muito grande. São vítimas de rejeição, além da violência que sofrem motivados por homofobia ou transfobia. Em uma tentativa de coibir esses crimes, em junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu enquadrar os atos de homofobia e transfobia na Lei do Racismo (7.716/1989).