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"Existe um genocídio físico e concreto de jovens brasileiros", diz Laurentino Gomes

O escritor fala sobre o genocídio do povo negro no Brasil


11/07/2022 22h26

O Roda Viva recebe o jornalista e escritor Laurentino Gomes nesta segunda-feira (11).

Um dos maiores nomes da literatura no Brasil e no mundo, já vendeu mais de três milhões e meio de exemplares, e venceu sete vezes o "Jabuti", mais importante e tradicional prêmio de literatura do país.

O autor acaba de lançar o terceiro livro da trilogia "Escravidão", em que conta a história econômica e social brasileira baseada na escravatura - entre 1.538, data da chegada dos primeiros escravos, até 1.888, com a chegada da Lei Áurea. No terceiro volume, Laurentino narra os fatos históricos ligados à escravidão a partir da proclamação da independência.

No programa, o autor fala sobre o genocídio de negros. O estudo “Violência armada e racismo: o papel da arma de fogo na desigualdade racial”, do Instituto Sou da Paz, mostra que dos 30 mil assassinatos por agressão armada em 2019, 78% foram contra pessoas negras.

Do total, os adolescentes e jovens negros, entre 15 e 29 anos, estão entre as pessoas mais vulneráveis à violência armada, sendo 61% das mortes.

“A trilogia foi um aprendizado muito profundo. Eu relutava um pouco sobre a questão do genocídio negro. Cada pessoa escravizada era um ativo econômico, Como hoje cada pessoa afrodescente é mão de obra barata no Brasil, e é um ativo econômico. Ao ler o Abdias Nascimento', eu me dei conta de que ele tem toda razão. Existe no Brasil, de fato, um genocídio físico e concreto de jovens brasileiros, pela polícia, em confrontos com o crime organizado", diz.

"Hoje um genocídio no passado, estima-se que chegaram cerca de cinco milhões de homens e mulheres escravizados no Brasil. O resultado é de genocídio, e principalmente em uma sociedade que recusa a população afrodescente. Existe ainda um genocídio simbólico, que é o apagamento, o branqueamento da memória brasileira", completa. 

O 16° Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostrou que pessoas negras ainda são a maioria das vítimas de uma série de crimes violentos.

Participam da bancada de entrevistadores a jornalista e escritora Adriana Ferreira Silva, Ana Cristina Rosa, colunista de opinião da Folha de S. Paulo, Eduardo Graça, repórter especial do jornal O Globo em São Paulo, a jornalista e editora Lizandra Magon, e Ygor Damasceno, head de estratégias digitais da Edições Globo Condé Nast.

Assista ao programa completo:

O programa vai ao ar às 22h, na TV Cultura, no site da emissora, no canal do YouTube, no Dailymotion, nas redes sociais Twitter e Facebook.

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