Ex-oficial do Exército Brasileiro é denunciado por sequestro e morte de estudante
De acordo com o MP, Ismael Silva ficou preso e foi torturado por quase um mês antes de ser morto em 1972
27/07/2022 15h42
O Ministério Público Federal em Goiás (MPF) fez denuncia à Justiça Federal nesta quarta-feira (27), referente ao ex-oficial do Exército Brasileiro Rubens Robine Bizerril, pelo sequestro e morte do então estudante e militante político do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Ismael Silva de Jesus. Os crimes ocorreram entre 12 de julho e 9 de agosto de 1972, em Goiânia, de acordo com a denúncia.
No inquérito, pede-se a sua condenação pelos crimes de homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado, falsidade ideológica e fraude processual.
O levantamento partiu do Grupo de Trabalho Justiça de Transição, que sugeriu a investigação de mortos e desaparecidos do Regime Militar, cujos crimes ainda não eram investigados ou estavam em andamento ou finalizados.
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O procurador Mário Lúcio de Avelar, que assinou a denúncia, explicou que os crimes foram cometidos no contexto de um ataque sistemático e generalizado contra a população brasileira e, por isso, devem ser classificados como crimes de lesa-humanidade para todos os fins de direito, sendo imprescritíveis e insuscetíveis de anistia.
Saiba mais sobre o militante
Ismael Silva nasceu em 12 de agosto de 1953, em Palmelo. Ele foi estudante secundarista do Colégio Estadual Professor Pedro Gomes, em Goiânia, e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), identificado sob o codinome de “Olavo”.
O Ministério Público Federal apurou que em 12 de julho de 1972, o ex-oficial e sua equipe prenderam Ismael Silva ao sair do trabalho, sem qualquer ordem judicial ou flagrante de crime. Em seguida, o levaram ao então 10° Batalhão de Caçadores de Goiânia, hoje o atual 42º Batalhão de Infantaria Motorizada (BIMTz).
Segundo as investigações, ele ficou preso e foi torturado por quase um mês, sendo depois assassinado por militares. Na época, a morte foi divulgada como suicídio, como grande parte dos casos que ocorriam dentro da ditadura. O MPF apurou também que houve alteração da cena do crime e os militares inseriram informações falsas no laudo necrológico de Ismael Silva, com ajuda de legistas.
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