O primeiro debate entre candidatos à Presidência da República na eleição deste ano aconteceu na noite do último domingo (28). Unidos, os veículos de comunicação TV Cultura, Band, UOL e Folha de S.Paulo se juntaram para formar um pool.
O evento, que teve início às 21h (horário de Brasília, contou com as presenças de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Messias Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe D’Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil).
Dentre os temas mais abordados tanto pelos políticos quanto pelos jornalistas presentes, estão a educação, a corrupção e os auxílios que o Governo Federal disponibiliza às parcelas mais carentes da população brasileira.
Por isso, o site da TV Cultura fez um compilado sobre as principais ideias abordadas pelos candidatos ao Palácio do Planalto.
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Educação
Lula: Em tom de ataque à atual gestão do poder Executivo, o ex-presidente afirmou que, durante o Governo Bolsonaro, o Ministério da Educação não disponibiliza dados sobre defasagem educacional entre as crianças. Ao falar sobre os impactos da pandemia, o petista propôs uma conversa com todos os governadores para debater o tema caso seja eleito.
“Estou comprometido a, logo no começo de janeiro, convocar uma reunião com todos os governadores de estado e convocar uma reunião com os prefeitos das capitais, em um primeiro momento. Para que a gente possa fazer um pacto de fazer uma verdadeira guerra contra o atraso educacional que a pandemia deixou e contra o atraso educacional de outras situações pelo corte de dinheiro que houve na educação”, destacou.
Bolsonaro: Educação não foi um dos temas citados pelo atual presidente da República e candidato à reeleição.
Ciro Gomes: Ao caracterizar o tema como “uma pergunta que Deus me deu”, o ex-governador do Ceará apontou o avanço que a educação teve no estado durante sua gestão. Para o candidato, é preciso “mudar o padrão pedagógico, trocar o decoreba por um ensino emancipador, que é o que os tempos digitais pedem e reforçar estruturalmente o financiamento”.
Crítico de Lula e Bolsonaro, o ex-ministro também defendeu o ensino profissionalizante e afirmou que o Governo Federal investirá mais nos professores sob sua gestão. “Serei o presidente da educação e que cuidará do bolso da família pobre”, concluiu.
Simone Tebet: A representante da ‘terceira via’ apontou que o problema do setor “não é só descaso, é corrupção”. A senadora também disse que quer “atacar o problema desde a primeira infância”, mas reconheceu que “o maior problema” no país “é o ensino médio”.
Tebet também chamou a atenção para o ensino profissionalizante e para a formação dos docentes. “Educação nunca foi prioridade no país. Educação nunca foi colocado como um projeto nacional, de Estado, e não de governo. É por isso que os indicadores da educação estão nesse patamar há mais de 30 anos”, concluiu.
Soraya Thronicke: A candidata lembrou do analfabetismo funcional e concordou com uma maior valorização dos professores. Ela também falou sobre a importância de uma política para os estudantes fora da sala de aula.
A senadora também afirmou querer “isentar de imposto de renda todos os professores. Todos os professores, tanto do ensino público quanto privado. Isso não é conto de fadas, isso é verdade, isso já foi estudado, o impacto é apenas de 10 bi por ano”.
Felipe D’Avila: Assim como na maioria dos tópicos, o candidato do Novo questionou os gastos públicos e abordou um possível ‘exagero’ na máquina estatal. Em pergunta a Ciro Gomes, ele aponta que, “se não houver uma melhoria real na educação, não haverá aumento de produtividade. E sem produtividade, o Brasil não consegue crescer e gerar emprego”
Para o cientista político, o Brasil “desperdiça dinheiro público com a máquina pública. Isso não melhora o aprendizado do aluno. A criança não aprende. Nós precisamos investir na carreira do professor, uma carreira para a valorização do professor. O professor precisa aprender a dar aula. O curso de Pedagogia precisa mudar completamente. É completamente arcaico hoje”.
Corrupção
Lula: Em resposta a Bolsonaro, o ex-presidente afirmou que sua gestão frente à Presidência da República foi a que mais investiu em órgãos fiscalizadores.
“Não teve nenhum presidente da República que fez mais investigação para se apurar corrupção. Fizemos o portal da transparência, fiscalização da CGU, Lei Anticorrupção, Lei contra Crime Organizado, colocamos a AGU no combate contra a corrupção, fizemos o COAF funcionar”, ressaltou.
Bolsonaro: O atual presidente da República apontou, falsamente, que a Petrobras registrou um prejuízo de R$ 900 bilhões (em novembro de 2015, a Polícia Federal estimou uma perda de aproximadamente R$ 43 bilhões com irregularidades descobertas através da Operação Lava Jato) sob a gestão do petista.
O candidato à reeleição também disse que o Governo Lula foi o “mais corrupto da história” e voltou a alegar que não existe mais corrupção no Palácio do Planalto.
Ciro Gomes: Para o candidato, “é deprimente um país como o nosso focar discutindo quem é mais corrupto e quem é menos corrupto”. O ex-governador e prefeito defendeu que é preciso mudar o modelo de como se faz política, pois o crime é recorrente nas condições atuais.
“A corrupção não é uma maldade da alma de nenhum deles. A corrupção é uma prostração moral, de que todos eles fizeram um modelo de governança política. A ideia de que você só vai governar se tiver sustentação no Congresso, se transformar a presidência numa testa-de-ferro de roubalheira”, concluiu.
Simone Tebet: A senadora afirmou que, caso seja eleita, “não terá ninguém envolvido em escândalo de corrupção” em seus ministérios. Ela também criticou os escândalos que vieram à tona no atual governo, mas lembrou que os esquemas não começaram após 2019.
“A corrupção é fruto de governos passados e a corrupção mata. Então eu só quero dizer que este governo tem esquemas de corrupção como lamentavelmente teve o governo de vossa excelência”, apontou a candidata em resposta a Lula.
Soraya Thronicke: A candidata caracterizou o PT como “corrupto confesso” e disse que o “Brasil precisa mudar, e mudar de verdade, para valer”.
Ela também ressaltou lutar por “todas as pessoas que não teriam jamais a porta aberta por conta do coronelismo” e não ter “rabo preso com nada e com ninguém”.
Felipe D’Avila: Para o candidato, uma das manobras que podem dificultar a corrupção é tirar poder do setor público e dar lugar à iniciativa privada.
“Gente profissional da política” querem “criar um Estado pesado e cheio de privilégios para um monte de gente, tirando mais dinheiro do nosso bolso, nós que trabalhamos”, concluiu.
Auxílios
Lula: O petista voltou a falar sobre sua gestão frente ao Palácio do Planalto e destacou que pretende replicar esse projeto caso vença as eleições. Para ele, o “pobre nesse país voltará a ser respeitado”.
Bolsonaro: O atual chefe do Executivo frisou o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 reais e alegou que o valor é “três vezes maior do que o PT dava lá atrás com o Bolsa Família”. Ele também exaltou que, em sua gestão, as iniciativas são feitas “com responsabilidade”.
“Nós passamos no mínimo 600, e aquela mãe que tem filho e está sem marido, ela pode passar para 1.200 reais. Lá atrás, quando se conseguia um emprego, perdia o Bolsa Família; no meu governo, não perde o Auxílio Brasil. Ou seja, um governo que atende aos mais necessitados, que procura incluí-los”, completou.
Ciro Gomes: O candidato apontou que não é possível mudar a situação dos mais pobres sem mudar o modelo econômico do país. Para ele, é possível gerar empregos e diminuir consideravelmente a inadimplência.
"A minha luta é contra o modelo econômico, que é o mesmo, rigorosamente, há 25, 30 anos no Brasil. Que montou uma máquina perversa de transferir renda de quem produz e de quem trabalha para você, para o setor financeiro", explicou.
Simone Tebet: Ao unir o “centro democrático”, a candidata abordou a importância de uma união do país. Ela também alegou que tomará medidas que visam a melhora para a parcela mais carente da população.
“Vamos tirar do orçamento secreto. Vamos tirar dos desperdícios, vamos reduzir a máquina, mas vamos dar dignidade da saúde a quem mais precisa. Porque esse Brasil é de todos. Ele não pode ser mais do rico do que do pobre”, disse.
Soraya Thronicke: A senadora abordou a possibilidade de se criar um imposto único federal, que apareceria no lugar dos outros 11 tributos vigentes no momento.
“Iremos tirar o Imposto de Renda e o INSS de todos aqueles que recebem até cinco salários mínimos. Essa proposta está madura”, completou.
Felipe D’Avila: O candidato do Novo considera que a iniciativa privada é a melhor forma para a geração de empregos e movimentação da economia.
“Estamos cansados desse estado caro e ineficiente que atrapalha a vida de todo mundo que trabalha, que rala todo dia de manhã para conseguir o seu dinheiro. Nós somos o país entre os 15 mais que cobra imposto. Para quê? Para dar um serviço público de péssima qualidade. Está na hora de ter gestão pública”, questionou.
Assista ao debate na íntegra:
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