STF pede para Polícia Federal definir como irá investigar Bolsonaro no caso de corrupção no MEC
Ministra Cármen Lúcia diz que apurações indicam “possibilidade real” da participação do presidente no caso onde pastores pediam propina para liberar verbas da pasta
05/10/2022 22h42
A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu nesta quarta-feira (5) para a Polícia Federal (PF) informar como pretende investigar uma “eventual participação” de Jair Bolsonaro (PL) no caso de corrupção no Ministério da Educação (MEC). De acordo com a magistrada, informações coletadas na apuração apontam para uma "possibilidade real e concreta de eventual participação" do presidente no caso.
As investigações dentro do MEC começaram após publicação do jornal Estadão. Nele, áudios mostraram o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro afirmando que, a pedido do presidente, priorizasse a liberação de recursos da pasta para prefeituras que negociaram o repasse com dois pastores, que não possuem cargos no Ministério da Educação (MEC).
O áudio foi gravado em uma reunião entre o ministro da Educação e prefeitos. Ele diz que uma das prioridades do governo é atender todos que são amigos do pastor Gilmar Santos. O pastor Arilton Moura também foi citado.
"Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim, sobre a questão do Gilmar, o apoio. O apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser publicado, é apoio sobre construção das igrejas...", diz Milton Ribeiro em trecho do áudio.
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No pedido, Lúcia também citou a conversa entre Ribeiro e sua filha, que foi captada pela PF, onde o ex-ministro afirmou ter sido alertado pelo presidente sobre a possibilidade de ele próprio ser alvo de buscas.
"Pode-se concluir pela possibilidade real e concreta de eventual participação do Presidente da República em atos relacionados ao que se apura neste inquérito, o que, sublinhe-se, ainda depende de aprofundamento das investigações para comprovar, de forma taxativa e definitiva, a sua ocorrência, as circunstâncias e os desdobramentos", explicou a ministra.
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