Damares diz que denúncias sobre tráfico de crianças no Pará se baseou em “conversas com o povo na rua”
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, ex-ministra explica a origem das denúncias feita durante culto; MPF diz não ter recebido denúncias com características descritas
13/10/2022 17h07
A ex-ministra e senadora eleita Damares Alves (Republicanos) explicou nesta quinta-feira (13) que as denúncias de tráfico e abuso sexual contra crianças no estado do Pará feitas por ela no última final de semana se basearam em “conversas com o povo na rua”.
“O que eu falo no meu vídeo são as conversas que eu tenho com o povo na rua. Eu não tenho acesso, os dados são sigilosos, mas nenhuma denúncia que chegou na ouvidoria deixou de ser encaminhada”, disse Damares.
A declaração foi dada à Rádio Bandeirantes, onde também contou que todas as informações que recebe são repassadas ao Ministério Público.
No último sábado (8), durante um culto na igreja Assembleia de Deus Ministério Fama, em Goiânia (GO), ela disse que crianças da Ilha de Marajó, no Pará, são traficadas para o exterior e submetidas a mutilações corporais e a regimes alimentares que facilitam abusos sexuais.
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A ex-ministra também revelou que as denúncias estavam baseadas em imagens obtidas e guardadas pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Porém, antes da sua entrevista, ela começou a mudar a sua versão. Damares afirmou que os relatórios da CPI da Pedofilia do Senado e os inquéritos poderiam comprovar suas declarações.
O Ministério Público Federal do Pará (MPF/PA) emitiu nota nesta quinta e explicou que, nos último 30 anos, nenhuma denúncia sobre tráfico de crianças apresentavam características apresentadas pela senadora eleita.
“O Ministério Público Federal atuou, de 2006 a 2015, em três inquéritos civis e um inquérito policial instaurados a partir de denúncias sobre supostos casos de tráfico internacional de crianças que teriam ocorrido desde 1992 no arquipélago do Marajó, no Pará. Nenhuma das denúncias mencionou nada semelhante às torturas citadas pela ex-ministra Damares Alves no último dia 8”, explicou o órgão.
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O MPF/PA enviou um ofício ao Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) pedindo informações sobre os casos citados por Damares.
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão estabeleceu um prazo de três dias, para que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direito Humanos forneça informações sobre todas as denúncias de violência contra crianças que recebeu desde 2016.
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