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Seis mil crianças ucranianas foram levadas para campos de reeducação russo, aponta relatório

De acordo com os estudiosos, o próprio governo federal russo coordena o sistema, que envolve pelo menos 43 instalações


15/02/2023 06h49

Desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, pelo menos seis mil crianças ucranianas foram encaminhadas para campos de reeducação da Rússia. Os números foram apontados pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos, nesta terça-feira (14).

O relatório é o mais recente produzido pelo Observatório de Conflitos, projeto apoiado pelo Departamento de Estado norte-americano, que examina violações de direitos humanos e crimes de guerra supostamente cometidos pela Rússia.

"O objetivo principal das instalações que identificamos parece ser a reeducação política", disse Nathaniel Raymond, um dos pesquisadores, em entrevista coletiva.

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De acordo com estudiosos, o próprio governo federal russo coordena o sistema, que envolve pelo menos 43 instalações espalhadas pela Rússia e na Crimeia.

Os pontos mais importantes revelados pelo relatório foram:

- Diversos grupos de crianças foram observados chegando nas instalações entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2023,

- A idade das crianças mantidas em "campos de reeducação" ou outras instalações russas variavam de 4 meses a 17 anos;

- Em alguns campos, jovens de até 14 anos estavam recebendo treinamento militar. Não há evidências de que eles tenham sido enviados para combate;

- Na maior parte das instalações (78%), os jovens foram reeducados de acordo com a visão do governo russo sobre a cultura nacional, história e sociedade;

- A análise identificou 43 alojamentos espalhados pela Rússia e na Crimeia onde as crianças ucranianas foram mantidas, sendo que dois deles estão associados à deportação de órfãos: um hospital psiquiátrico e um centro familiar;

- Entre os jovens estavam aqueles com pais ou tutela familiar clara, russos considerados órfãos, os que estavam sob os cuidados de instituições estatais da Ucrânia antes da invasão, e aqueles cuja custódia não era clara ou incerta devido à guerra;

- Em diversas situações, os responsáveis foram coagidos a autorizarem a ida dos jovens aos "acampamentos". Foram registrados relatos de pais que negaram a participação dos filhos, mas foram ignorados;

- As crianças em 10% das instalações avaliadas tiveram a data de retorno suspensa ou adiada pelas autoridades russas. Em muitos casos, os responsáveis não receberam mais informações;

-Algumas das crianças foram transferidas pelo sistema e adotadas por famílias russas, ou enviadas para um orfanato na Rússia.

Segundo Raymond, “o que está documentado neste relatório é uma clara violação da 4ª Convenção de Genebra”.

Ainda de acordo com ele, o relatório poderia ser uma evidência de que a Rússia cometeu genocídio durante sua guerra na Ucrânia, já que a transferência de crianças para fins de mudança, alteração ou eliminação da identidade nacional pode constituir um ato componente do crime de genocídio.

Promotores ucranianos afirmam que as alegações estão sendo examinadas e que, posteriormente, pode haver uma acusação formal de genocídio contra a Rússia.

A análise do relatório indica que o sistema de campos e a adoção de crianças ucranianas por famílias russas "parece ser autorizado e coordenado nos níveis mais altos do governo da Rússia".

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