No Dia dos Povos Indígenas, comemorado nesta quarta-feira (19), a TV Cultura exibe o documentário inédito “Munduruku, Condenados Pelo Mercúrio”, às 23h30.
Produzido pelo departamento de Jornalismo da emissora, revela como o garimpo ilegal poluiu o rio Tapajós, no oeste do Pará, e como o metal, transformado no fundo do rio em metil mercúrio, contamina os peixes e chega ao corpo humano, envenenando homens, mulheres e crianças que ainda nem nasceram.
Cem por cento dos indígenas da etnia Munduruku estão contaminados. Todas as amostras de pescado, vital para a alimentação desses povos, e coletadas pelos cientistas, confirmam isso.
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Absorvido pela corrente sanguínea, o mercúrio pode prejudicar a visão, provocar alterações renais, cardiovasculares, além de atingir também o sistema nervoso. As crianças, adolescentes, mulheres em idade fértil e gestantes são especialmente sensíveis à substância, que provoca alterações cognitivas, perda de memória, atenção e raciocínio. Até quadros de depressão podem estar ligados à presença venenosa no organismo.
A etnia reúne mais de 15 mil pessoas e se espalha pelos estados do Amazonas, Mato Grosso e principalmente Pará, na calha do Tapajós, nos municípios de Santarém, Itaituba e Jacareacanga.
Gerações já nascem contaminadas e sofrem as consequências. Sete em cada 10 adolescentes, de 10 a 19 anos, apresentam índices de mercúrio acima da média. Algumas crianças também têm deformações.
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A contaminação do pescado espalhou privação e sofrimento na floresta. Onde antes havia fartura de alimento, agora existe fome. Combinado com outras agressões ao meio ambiente, como a grilagem, o desmatamento, a pesca e a caça ilegais, o envenenamento dos rios provocado pelo mercúrio compromete toda a biodiversidade das florestas brasileiras.
E tudo isso tem uma única causa: a cobiça, a busca pelo ouro. Em 2021, 53 toneladas de ouro com indícios de ilegalidade foram comercializadas no Brasil. Em média, para se produzir um quilo de ouro é necessário um quilo de mercúrio.
Ficha técnica
Reportagem e roteiro: Laís Duarte;
Imagens: Adilson de Paula, Adriano Tavares, Naelson Araujo;
Assistentes: Erinaldo Clemente, Leandro Alves, Ricardo Coelho;
Produção: Ricardo Ferreira;
Edição de texto: Jorge Valente;
Videografismo: Samuel de Souza Bezerra;
Pós-produção: Leandro Silva;
Direção: Simão Scholz.
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