O ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL) Anderson Torres deve depor novamente à Polícia Federal (PF) na tarde desta segunda-feira (8). Desta vez, no inquérito que apura a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas eleições de 2022.
Torres prestará esclarecimentos sobre a atuação da PRF nas eleições do ano passado, principalmente no segundo turno. A suspeita é de que a corporação tenha agido para dificultar o acesso de eleitores às urnas, principalmente na região Nordeste.
Um relatório do Ministério da Justiça entregue à Controladoria Geral da União (CGU) mostra que a PRF fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, onde Lula (PT) era favorito, contra 571 no Sudeste, entre 28 e 30 de outubro, vésperas e dia do segundo turno das eleições de 2022.
Na época, o Ministério da Justiça, ao qual a PRF está subordinada, era comandado por Anderson Torres. O atual ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que os dados disponibilizados pela PRF apontam pelo menos três "anomalias" na corporação durante as eleições de 2022:
- concentração de operações no Nordeste;
- mudanças no planejamento inicial;
- e uma determinação para que a PRF atuasse em conjunto com a Polícia Federal no segundo turno.
O depoimento de Torres deve ocorrer no Batalhão de Aviação Operacional da Polícia Militar do DF, onde o ex-ministro está preso desde janeiro, por suspeita de omissão nos atos golpistas de 8 de janeiro, quando as sedes dos três poderes foram depredadas. Na época, ele era secretário de Segurança do DF.
A PF pretendia ouvir o ex-ministro no dia 24 de abril, mas o depoimento foi adiado para esta segunda a pedido da defesa de Torres, que alegou "piora" no estado de saúde dele.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a nova data e argumentou que Torres foi "devidamente avaliado por profissional médico, que atestou que as medicações do preso foram ajustadas", e que ele "tem tido acompanhamento médico frequente".
Os advogados ainda tentam reverter a prisão preventiva de Torres. A defesa alega que já não estão presentes as justificativas previstas em lei para manter a decisão.
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