Conflito entre Israel e Hamas gera desinformação e polarização nas redes sociais brasileiras

O conflito entre Israel e Hamas reacendeu a polarização digital entre direita e esquerda no Brasil. Levantamento feito pela FGV Comunicação do Rio de Janeiro mostrou que os políticos, desde o dia 7 de outubro, data do início da guerra, passaram a usar as redes sociais para compartilhar conteúdos sobre o tema.

Foram analisados 800 mil publicações no Instagram, Facebook e X (antigo Twitter). O engajamento nos posts dos políticos de direita sobre o conflito tiveram 871% mais engajamento comparado aos de esquerda.

O conteúdo das publicações são opostos. Enquanto os parlamentares de esquerda fazem posts lamentando a guerra e buscando auxílio a brasileiros na Faixa de Gaza, os políticos de direita tentam associar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao terrorismo.

“São dois fatores que nós identificamos como os motivos para esse predomínio. O primeiro tem a ver com uma ligação da direita aliada ao Bolsonaro e dos setores evangélicos, que já construíam uma ligação com Israel e, ao longo de toda a campanha, usaram os símbolos. Então, tem uma questão aí da comoção pela construção de identidade e pela construção política ao longo do tempo. Mas tem um segundo elemento também que eu acho que é importante que é a imputação de como se a esquerda defendesse o regime do Hamas”, explica Victor Piaia, professor da FGV Comunicação Rio de Janeiro.

Além da disputa de narrativas, as redes sociais foram tomadas de conteúdos falsos sobre o conflito. Muitas imagens violentas que não estão relacionadas ao conflito estão sendo usadas para espalhar desinformação.

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Segundo Leandro Becker, chefe de jornalismo da Agência Lupa, que faz checagem de informações diariamente, o tema chama muita atenção dos brasileiros e não há o cuidado com a verificação da veracidade da publicação.

“Os conteúdos que estão surgido diariamente são muito maiores do que a capacidade temos de conseguir olhar um por um deles e dizer, isso procede. Isso não”, afirma Becker.

Apesar do momento ser muito complicado, a dica é ter calma antes de publicar qualquer conteúdo.

“Olhando no geral parece assim, meu deus não posso confiar em ninguém. Mas é possível sim. É só ter cuidado, ter essa busca ativa, não acreditar logo de cara e obviamente imaginar que por mais que seja uma pessoa confiável, por mais que pareça verdade, pode não ser. Isso vai fazer bem pra você a olhar isso antes de espalhar pra qualquer informação que não possa ser verdadeira”, completa.

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