Levantamento feito por pesquisadores do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostraram que quase 50 mil pessoas morreram no Brasil entre 2000 e 2018 devido as ondas de calor. A maioria das vítimas são mulheres, negros e idosos, perfis das pessoas mais vulneráveis no país.
“Pessoas que vivem num contexto urbano, sobretudo nas periferias e com condições precárias de moradia, sem acesso a recursos de adaptação e sem acesso a políticas públicas de acesso à saúde são as mais vulneráveis. Então, nesse sentido, mostra uma ligação entre mudanças climáticas e as desigualdades socioeconômicas, inclusive indicando que o aumento da ocorrência de desastres naturais no nosso país tem exacerbado as desigualdades sociais que já existem”, afirma Djacinto Monteiro dos Santos, pesquisador da UFRJ.
O Brasil registrou de três a 11 ondas de calor por ano entre 2010 e 2019. Nas quatro década anteriores, não chegavam a três os episódios de altas temperaturas no país.
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Diante desses números, a médica Letícia Jacome explica que trabalhadores braçais e pessoas sem acesso a materiais de proteção estão mais sujeitas a sofrer com o calor.
“São os trabalhadores braçais, que cansam, que suam mais e que também não têm acesso a um ar condicionado. Ele não bebem tanta água ou usam roupas de proteção, ou mesmo protetor solar para tentar ajudar nessas ondas de calor”, diz Jacome.
Na análise de Djacinto, é obrigação do Estado pensar em políticas públicas para auxiliar a população contra as mudanças climáticas e eventos extremos.
“É necessário que existam políticas públicas de adaptação as mudanças climáticas e elaboração de sistemas de alerta precoce, que possam unir a Defesa Civil, o sistema de saúde e diversos outros setores da nossa sociedade. Além disso, é importante que haja uma conscientização para o fato de que as ondas de calor e as mudanças climáticas de um modo geral já são uma realidade no Brasil”, finaliza.
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