Pesquisa do Instituto Locomotivo mostra que sete em cada dez mulheres brasileiras têm medo de sofrer assédio no carnaval. O temor é justificado. Metade das brasileiras relataram já ter sofrido assédio durante a folia.
“No período de carnaval, é uma tendência o aumento dos índices de violência contra mulher em razão da noção, ainda presente na sociedade, que uma mulher fantasiada e que ingere bebidas alcoólicas é uma mulher disponível. O crime mais comum nesse período ainda é o crime de importunação sexual, que tem uma pena de um a cinco anos”, explica Valeira Scarance, promotora do Ministério Público de São Paulo e especialista em violência contra mulher.
O levantamento também revela que 32% dos brasileiros concordam que, se uma mulher está com pouca roupa no bloco de carnaval, é porque quer beijar. Outros 19% concordam que não há problema em um homem “roubar” um beijo de uma mulher se ela estiver bêbada ou com pouca roupa.
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Pode ser classificado como importunação sexual um beijo forçado, puxão pelo braço ou cabelo, cantada invasiva, agarrão na cintura e toque indesejado.
O crime foi incluído no código penal em 2018, mas o debate sobre assédio social no espaço público existe no Brasil há pelo menos dez anos.
Para lutar contra essa cultura, muitas campanhas foram criadas no país, como a “Chega de Fiu-Fiu”, “Não é Não” e “Primeiro Assédio”.
“Se a gente for pensar em mudanças culturais e sociais, elas demoram. Em 10 anos conseguimos avançar, porém, não se transformou numa mudança de atitude dos homens”, afirma Maíra Liguori, diretora do Think Olga.
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Para a edição de 2024 do carnaval, a prefeitura de São Paulo está criando o protocolo “Não se Cale”. Em toda cidade, serão instaladas tendas de acolhimento para vítimas de assédio sexual. Além disso, profissionais qualificados irão circular entre os foliões vestindo um camiseta rosa-choque. Eles irão orientar pessoas sobre como agir se forem assediadas.
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