Para quem tem o desejo de começar uma dieta vegana, ou seja, sem o consumo de qualquer alimento de origem animal, uma pergunta pode surgir: “é preciso fazer algum tipo de suplementação de nutrientes para se manter saudável?”. O site da TV Cultura consultou especialistas no tema para obter uma resposta a esse questionamento.

De acordo com nutricionistas, o principal nutriente que os veganos em geral precisam prestar mais atenção e, possivelmente, fazer uma suplementação à parte é a vitamina B12.

Alessandra Luglio, diretora da parte de saúde e nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira, explica que a vitamina B12 é sintetizada por bactérias e está presente no solo. As plantas não metabolizam esta vitamina porque elas não precisam. Já os animais, por outro lado, têm contato com o solo e, geralmente, se alimentam de rações polivitaminadas, consumindo assim a B12. Além disso, os ruminantes - seres como bois, cabras, veados, entre outros - produzem o nutriente por meio de bactérias em seu rúmen.

“Humanos modernos, em geral, não colocam a mão no chão. Não pegamos nossos alimentos com a mão e colocamos na boca. Nós descascamos, lavamos… a necessidade diária de B12 para um adulto é de 2,4 microgramas, algo não visto a olho nu”, explica Luglio.

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Vale lembrar que a vitamina B12 e outros nutrientes também podem estar em falta para pessoas que consomem carnes, leites e ovos, daí vem a necessidade de realizar um acompanhamento com profissionais.

Também é ideal monitorar os níveis de substâncias como ferro, cálcio e ômega-3 no corpo, mas todos esses nutrientes são encontrados em alimentos de origem vegetal.

Sai: “proteína da carne” e entra: “proteína vegetal”

Quem quer se tornar vegano, mas se preocupa em deixar de consumir carne por causa das proteínas, pode ficar tranquilo. As fontes de proteína vegetal podem dar conta do recado.

Marcela Worcemann, nutricionista especializada em nutrição vegana, esclarece que as proteínas são a matéria prima para o corpo construir estruturas como músculos, cabelo, pele e unhas. Segundo a especialista, elas são como “paredes” formadas por vários “tijolos” diferentes, os aminoácidos.

“Nós agrupamos os aminoácidos, e, conforme a combinação deles, se cria diferentes tipos de proteínas. Nosso corpo não usa necessariamente a proteína inteira como matéria prima, ele usa os aminoácidos. Não conseguimos absorver proteína. O que acontece é, nós comemos alimentos com proteína, durante o processo de digestão a gente quebra essas proteínas em aminoácidos, nosso corpo absorve eles e isso faz a função estrutural para o nosso organismo”, comenta.

A maior fonte de proteína vegetal é o grupo das leguminosas, alimentos como feijão, grão de bico, ervilha, lentilha e soja.

Worcemann afirma que todos os aminoácidos essenciais, que são o que as pessoas precisam consumir através da alimentação, estão presentes no reino vegetal. “O que pode mudar é a concentração de aminoácidos por porção de alimentos”, completa.

Precisamos de alimentos provenientes de animais?

Segundo Luglio, de acordo com evidências científicas, não existe uma necessidade do ser humano comer nada de origem animal, mas vivemos em uma “cultura que alimentou a questão de um protagonismo animal nos pratos”.

“Isso fez com que a gente imaginasse que, tirando carne, ovos e leite da dieta, vai faltar nutrientes (...) comer animais, e tudo o que vem deles, é uma escolha e não uma necessidade, do ponto de vista fisiológico”, finaliza.

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