O presidente português Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu, na última terça-feira (23), que o país foi responsável por crimes cometidos contra escravos e indígenas no Brasil no período do colonialismo. O chefe de estado também sugeriu reparações.
"Temos que pagar os custos. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso", afirmou o presidente em conversa com correspondentes estrangeiros.
Apesar de admitir culpa, o governo português não detalhou de que forma a reparação será feita. A declaração tem caráter simbólico porque é a primeira vez que um presidente do país reconhece a culpa pela escravidão.
O discurso coloca em xeque a visão eurocêntrica de que o colonialismo português em Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde e Timor Leste seria motivo de orgulho para o país.
"Pedir desculpas é a parte mais fácil", acrescentou.
Leia também: Lula cobra Anac e GOL por morte de cachorro em voo: "Tem que prestar contas"
Reação de Anielle Franco
O discurso repercutiu entre ativistas e representantes brasileiros que lutam pelo combate à desigualdade social e ao racismo estrutural impulsionados pelo domínio português.
Em vídeo transmitido à imprensa, a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) disse que a possibilidade de reparar o Brasil é "fruto de séculos de cobrança da população negra” e um "salto do debate e da importância [do tema]". Além disso, afirmou que o pronunciamento de Rebelo foi "contundente" e "muito importante".
"Essa declaração precisa vir seguida de ações concretas como o próprio presidente parece estar ali se comprometendo a fazer", enfatizou.
Por fim, a representante afirmou que o governo do Brasil já está em contato com o governo português para dialogar sobre como pensar essas ações.
Leia também: Moraes arquiva ação que investigava ida de Bolsonaro para embaixada da Hungria
REDES SOCIAIS