Dados do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, que leva em consideração informações do Censo Escolar e do Medidor Educação Conectada, mostrou que apenas 29% das escolas públicas disponibilizam computadores, tablets ou notebooks para os alunos. As que fazem, a média é de um equipamento a cada 10 alunos.

O número é considerado baixo levando em consideração que 89% dos colégios estão conectadas com a internet.

“Nós deveríamos ter cada secretaria tendo recursos suficientes para adquirir computadores ou tablets. Para que isso aconteça, garantir a conectividade, essa sim pode ser operada sob coordenação do MEC, e a manutenção a cargo de cada escola, porque aí a gente ganha agilidade”, explica Claudia Costin, educadora e presidente do Instituto Singularidades.

Leia também: Governo federal libera mais R$ 6,7 bilhões para compra de arroz importado

O estudo também mostra uma desigualdade por regiões. Escolas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste estão próximas da universalização da conexão. O maior obstáculo é avançar na disponibilidade de equipamentos a alunos e professores. Já no Norte e Nordeste, as cidades menores e de zonas rurais estão praticamente fora da internet.

“Existem, hoje, muitas soluções, como os aplicativos gamificados, com jogos, que podem assegurar uma aprendizagem maior, ensinar o aluno a pesquisar na internet. Infelizmente, a conectividade não é muito boa em boa parte das escolas, eu diria até mesmo no Sudeste”, completa Costin.

A qualidade da internet também é debatida. Os parâmetros da estratégia nacional de escolas conectadas determinam que a velocidade mínima de download por aluno deve ser um mega por segundo. Mas, a média nas escolas é de menos um terço desse valor.

“Isso é uma mudança considerável até de paradigma, né? Porque revela essa preocupação subjacente de fato a internet ser usada no contexto pedagógico, que todos os alunos possam usá-la de maneira adequada”, diz Cristiane Millan, analista de dados do Ceptro.BR.

Leia também: França investe em tecnologia buscando liderança em IA

O Ministério da Educação (MEC) informou, em nota, que repassou R$ 285 milhões para serviços de conectividade e compra de dispositivos em 2023. Além disso, outros R$ 311 milhões estão reservados para 2024.

A pasta também está lançando editais de projetos e chamamento de propostas para conexão. Até 2026, são R$ 6.5 bilhões previstos para conectividade das escolas.