Responsável pelos principais dados de referência para políticas públicas e econômicas do país, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), começou o ano em crise. Dois diretores pediram demissão e os funcionários divulgaram uma nota de protesto contra a criação do IBGE+, uma fundação para captar recursos da iniciativa privada.
O comunicado, que partiu do sindicato que representa os funcionários do instituto, é endereçado à sociedade brasileira, à comunidade científica e apelida a fundação de “IBGE Paralelo”.
Diante da crise, a diretora de pesquisas Elizabeth Hypolito e o diretor adjunto João Hallack pediram demissão.
O IBGE+ é uma instituição de caráter público-privado, isso quer dizer que ela pode receber dinheiro de empresas, por exemplo, para realizar pesquisas. Essa teria sido a forma encontrada pela presidência do IBGE, comandada por Marcio Pochmann, para suprir a falta de dinheiro público para manter a estrutura do órgão. O sindicato discorda.
Paulo Lindesay, diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE, critica a criação de uma fundação com o “mesmo papel” do órgão já existente.
"Quem paga a festa é que comanda a música, então, se houver financiamentos privados, pode ser que haja um tipo de que tentativa de interferência (...) a gente entende que, se o IBGE não tem um orçamento que possa suprir as necessidades, o presidente que deveria buscar junto ao presidente da República e ao Ministério do Planejamento do presidente da República, melhorar o orçamento”, comenta.
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Em nota, o IBGE afirmou que não vai se pronunciar sobre as denúncias do sindicato, nem sobre as críticas à criação da fundação ligada ao instituto.
Em outubro do ano passado, os funcionários fizeram uma paralisação de 24 horas contra o IBGE+. Um representante do sindicato faz parte do conselho da nova fundação, que já tomou posse mas ainda não contratou servidores.
O presidente do instituto, no cargo desde agosto de 2023, também não teria consultado a diretoria, nem o conselho diretor, antes de divulgar outras decisões, como a transferência de servidores do prédio do IBGE no centro do Rio de Janeiro, para a zona sul, uma região considerada de difícil acesso por transporte público. Pochmann teria dito que a mudança era necessária porque os custos com o aluguel no centro estavam muito altos.
Saiba mais sobre o tema na matéria que foi ao ar esta terça-feira (14) no Jornal da Cultura:
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