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As bandas finlandesas Luna Kills, Noira e Where's My Bible disputam a final do concurso "Come to Latin America", destinado a bandas emergentes de metal finlandês. O projeto tem objetivo de difundir a música, promover a cultura do país e colaborar com a quebrar alguns preconceitos que ainda existem em torno do heavy metal.

A empresária e idealizadora Niina Fu teve inspiração ao residir nos países Chile e Brasil e comparar as similaridades entre o países latinoamericanos e a Finlândia. “Apesar da distância e diferenças culturais, existe uma cena metal muito forte e profunda em ambos. Isso me chamou muito a atenção e é por isso que tive a ideia de desenvolver este projeto”, explica.

Ela acrescenta que sua motivação é ampliar o impacto da cultura na sociedade moderna. “Entendí que precisamos ampliar o espaço da cultura. O heavy metal é o presente da Finlândia para o grande e diversificado acervo cultural do Brasil, com o objetivo de aumentar a participação no cotidiano das pessoas deste lindo país”.

"Está nos planos da banda vencedora uma turnê na América Latina. Estamos solicitando mais financiamento para este projeto. Continuaremos a cooperar com o Brasil – um dos maiores exportadores de boa música do mundo", promete Fu.

O júri, do qual essa colunista faz parte, é formado por mais de 100 músicos latino-americanos, jornalistas, radialistas, organizadores de festivais e profissionais ligados ao entretenimento ao vivo. Todo ouviram as bandas e escolheram as preferidas até chegar nas três finalistas. Agora é a vez do público latino-americano escolher o vencedor. O prêmio será um acordo de distribuição com a Nuclear Blast – por meio da subsidiária Blood Blast –, uma das maiores gravadoras de nicho do mundo e que atua como parceira nesta iniciativa.

Para conhecer as bandas e votar clique aqui.

Finlândia e América Latina conectados pelo Metal

O rock e o heavy metal se tornaram um produto de exportação finlandês. Principalmente desde a virada do milênio, inúmeras bandas do país vêm se posicionando no circuito internacional, no qual Brasil, Chile, Argentina, México e Uruguai tem uma grande fatia. De acordo com o relatório global de música da IFPI, a América Latina é o mercado mais importante para música, incluindo o metal finlandês, registrando 85% dos downloads nas plataformas de streaming, com um crescimento de 31% em 2021, em relação ao ano anterior.

O ministro da Ciência e Cultura da Finlândia, Petri Honkonen, comenta: “O mercado de música em rápido crescimento da região também está atraindo novas bandas. Além disso, eles têm uma base de fãs leais na América Latina, o que cria uma forte plataforma para o sucesso. O intercâmbio cultural é especialmente importante agora, dada a instabilidade que vivemos na Europa, levando os artistas a terem incertezas em vários sentidos”.

O heavy metal e a Finlândia

De acordo com o banco de dados online Metal Archives, o país tem mais de duas mil bandas do estilo. Ainda segundo a plataforma, há uma década, a Finlândia tinha o maior número de bandas de heavy metal per capita do mundo, com 54 a cada 100 mil habitantes. Os países vizinhos Suécia e Noruega vinham logo atrás, com 27. Hoje esse número ultrapassa os 60, mantendo o primeiro lugar geral

Este cenário sólido se explica pelo empenho do governo finlandês em apoiar a cultura local e o heavy metal. Não à toa, que a primeira ministra finlandesa, Sanna Marin, aparece em diversas cerimônias oficiais usando sua inseparável jaqueta de couro, no melhor estilo rock and roll. A primeira ministra finlandesa já declarou abertamente seu grande amor pelo heavy metal.

Isto não é apenas um reflexo da moda, mas também de uma atitude de vida, uma vez que esse gênero musical permeia profundamente a sociedade finlandesa. O alcance do estilo chega também ao mundo empresarial. A multinacional finlandesa Nokia, que possui forte presença no mercado mundial de tecnologia, vem demonstrando entusiasmo e apoio ao projeto “Come to Latin America”, e tem em seu quadro de colaboradores pessoas que apreciam o estilo, como o CEO da Nokia Brasil, Ailton Santos Filho, músico, matemático por formação e apontado como padrinho do “Come to Latin America”.

“Uma das coisas que diferencia a arte da tecnologia é que esta sempre busca o perfeccionismo, enquanto a música é uma forma de expressão mais humana, onde podemos ousar ser nós mesmos, com nossas virtudes e erros. Por isso, decidi apoiar nossos jovens colegas músicos em seu processo de desenvolvimento, além de entrar na cena metal finlandesa”, explica o gestor, que complementa: “A música é universal e conecta as pessoas”.

Indo além da intenção de promover o desenvolvimento de novos e emergentes artistas e bandas finlandesas, Santos Filho conta como o estilo reflete em outros pontos da vida e do âmbito profissional: “Liderar uma banda e tocar em um palco colaborou muito com minha carreira no mundo corporativo. Estar conectado por um propósito comum, que é a forma como a música nos educa, pois é uma linguagem universal, permite que tudo isso seja aplicado à liderança de uma empresa, organização e/ou qualquer tipo de trabalho”.

Adriana de Barros é apresentadora do programa Mistura Cultural nas mídias digitais da TV Cultura e da Rádio Cultura Brasil, editora do portal da TV Cultura, jurada de música da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte de São Paulo), jurada de música do Prêmio Arcanjo de Cultura e jurada do Come to Latin America .

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