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Para quem é do rock essa semana começou com a triste notícia da morte de Patrícia Perissinotto Kisser, mulher do guitarrista do Sepultura, Andreas Kisser. Patrícia tratava um câncer de cólon que a levou à morte aos 52 anos.

Na semana passada, nomes do rock nacional, jornalistas e amigos se mobilizaram para angariar doadores de sangue para Pat Kisser, como era conhecida pelos mais próximos. Mas por que tanto carinho pela mulher de um músico?

Patricia era totalmente envolvida nos passos do guitarrista do Sepultura e, mais recentemente, na do filho Yohan Kisser, também guitarrista. Ela não blindava o marido, pelo contrário, ela ajudava o corre dele acontecer e se orgulhava disso. Além disso, trabalhou com cinema e com outras bandas de rock.

Conheci a Patrícia como produtora da cantora Marina De La Riva. De lá pra cá, muitas vezes recorri a ela para apurar fatos ligados ao Sepultura. Imediatamente eu era atendida e ela sempre tinha os dados para completar a matéria. Era sempre um "pode me ajudar" respondido por um "se eu souber". E sempre foi assim. Um tratamento delicado e peculiar que nos fazia esquecer que era mulher de um guitar hero. 

Mas também lamentava quando texto não correspondia às expectativas dela. Estava sempre ligada e na torcida pela família.

Não encontrei Pat Kisser muitas vezes, mas em todas elas sempre me chamou atenção os rasgados elogios à família. Certa vez cheguei a dizer pra ela parar com a propaganda para que o "inimigo não ouvisse". E ela ria, sem se importar. Sempre destacou e frisou os talentos de cada um. Patrícia Kisser era muito mais que mulher do Andreas, ela era uma inspiração de como devemos "carregar" àqueles que amamos.

Em minhas últimas mensagens trocadas com ela não foi diferente. Ela ostentava a exibição do documentário "Sepultura Endurance" em 49 cidades e fez questão de destacar: "é muito para um documentário". Mas ela não só dizia, ela mandava documentos comprovando. 

Em uma outra mensagem, lá de 2016, falamos sobre a carreira do filho Yohan Kisser na música, então com 19 anos. Ela estava feliz pelo caminho do filho e me passou o telefone. "Liga pra ele e faz uma entrevista. Ele vai curtir". E ainda disse que eu deveria também falar com o Juliano Alvarenga, filho do Samuel Rosa (Skank), que trilhava o mesmo caminho e tinham acabado de passar um final de semana juntos.

Em minha recente entrevista com Andreas, não toquei no tema porque sabia que era um momento crítico. No entanto, ele se sentiu a vontade para dizer que a pandemia e o cancelamento dos shows ajudaram para que ele pudesse estar ao lado dela em um momento que todos nós torcíamos por um outro rumo.

Pena que não deu, mas a empresária, produtora, mulher, mãe e amiga Patrícia Perissinotto Kisser pode ter certeza que nos deixou um legado de grande valor. Obrigada, Patrícia. 

Assista ao Mistura Cultural com Andreas Kisser

Adriana de Barros é apresentadora do programa Mistura Cultural nas mídias digitais da TV Cultura e da Rádio Cultura Brasil, editora do portal da TV Cultura, jurada de música da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte de São Paulo), jurada de música do Prêmio Arcanjo de Cultura e jurada do Come to Latin America .

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