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Estamos na semana mais romântica do ano – 12 de junho, Dia dos Namorados, certo? Eu poderia indicar aqui cinco quadrinhos para sugerir como presente... Mas resolvi ir além. Abaixo, listo cinco HQs que, além de poderem ser presentes (embora o último item seja muito difícil de encontrar), trazem algum tipo de reflexão sobre amor (ou relacionamento). Para ler e conversar.

Separei um cardápio bem diversificado: um mangá, um europeu, um da Oceania, uma graphic novel americana e um de super-heróis – sim, os heróis fantasiados também amam, e esta história foi tão impactante para mim que encerro o texto com ela.

E os brasileiros, não amam?, perguntará quem lê com atenção. Sim, amam, claro: e a lista com cinco sugestões nacionais está lá no Hábito dos Quadrinhos, site primo-irmão desta coluna.

Rosa de Versalhes”, de Riyoko Ikeda

Um mangá histórico, nos dois sentidos. Primeiro, por ser um dos primeiros grandes sucessos no Japão criado por uma mulher, a talentosa Riyoko Ikeda. O impacto da obra mexeu com as estruturas do shojo mangá, voltado para o público feminino. Segundo, por se ambientar na França pouco tempo antes da Revolução Francesa. Lá, vemos Oscar, uma mulher criada como se fosse um homem e que se torna uma militar extremamente competente – a ponto de virar capitã da Guarda Real de ninguém menos com Maria Antonieta. Oscar estaria voltada apenas ao trabalho se não houvesse conhecido o nobre sueco Hans Fersen.

Publicada aqui no Brasil em cinco volumes, “Rosa de Versalhes” mistura romance, aventura e drama dentro de um contexto histórico muito bem pesquisado – e representado – pela talentosa mangaká.

Lore Olympus: Histórias do Olimpo”, de Rachel Smythe

A artista neozelandesa Rachel Smythe está criando – não acabou, toda semana tem um capítulo novo – uma obra magnífica que mistura mitologia grega com os tempos contemporâneos (Instagram e redes sociais têm papel importante). Em resumo, é uma recriação do amor entre Hades e Perséfone, mas esta foi uma simplificação pobre. “Lore Olympus” é uma obra inteligente e sensível, engraçada e dramática, lírica e profunda... Enumerar todos os temas abordados seria enfadonho, mas gostaria de dar uma ideia de por onde a criatividade e a sensibilidade de Rachel Smythe nos levam: relações tóxicas, baixa autoestima, violência sexual, traumas de infância... e, claro, amor (que por si só já é um tema para lá de complicado).

Os três primeiros volumes de “Lore Olympus” já saíram por aqui.

Cinco mil Quilômetros por Segundo”, de Manuele Fior

O premiado italiano Manuele Fior criou neste álbum a história de Piero e Lucia, ex-namorados que se encontram em um momento mais maduro de duas vidas. Com uma arte incrível, que marca distintamente cada um dos cinco capítulos, Fior nos apresenta a um relacionamento que atravessa o tempo com fases bem distintas – Itália, Noruega e Egito são palcos de um relacionamento mostrado de maneira sensível e cativante. E eu já mencionei que a arte é incrível?

Habibi”, de Craig Thompson

“Retalhos” foi apenas a segunda graphic novel de Craig Thompson. Esta obra autobiográfica nos apresentou um artista com ótimo domínio de narrativa (há uma cena tão triste que colou em minha retina, eu a estou vendo enquanto escrevo este parágrafo) e detalhista, quase perfeccionista. Quase? Thompson ficou sete anos preparando esta obra de quase 700 páginas que mostra o relacionamento entre duas pessoas que se conheceram quando, ainda crianças, conseguiram fugir da escravidão. É uma história triste e impactante, marcada por uma arte... detalhista e perfeccionista.

Senhor Destino”, de J.M. DeMatteis e Shawn McManus

Imagino que esta seja a grande surpresa da lista. Eric e Linda seriam só mais um casal apaixonado, não fossem também super-heróis. Ou melhor, um super-herói. Quando necessário, se fundem no Senhor Destino, um poderoso feiticeiro com passagem pela Liga da Justiça.

O incrível roteirista DeMatteis escreveu a revista mensal do Senhor Destino por 24 números – apenas a primeira parte desta fase foi publicada por aqui, na revista “DC 2000” da editora Abril, entre os números 15 e 26 (boa sorte ao procurar nos sebos). Mas é a história que quero destacar aqui.

Eric e Linda, por serem super-heróis, são invencíveis, certo? Errado. Após muitas aventuras, recheadas com humor, metafísica e amor, Eric... morre. E Linda não aceita. Afinal, ela é uma das feiticeiras mais poderosas do mundo!

Linda falha, mas consegue um último encontro com Eric – em uma espécie de limbo metafísico onde vivos e mortos podem se ver. E eles têm uma conversa que me marcou. Como foi publicada aqui no Brasil, não considero spoiler. Vou citar apenas um trecho do que Eric explica para Linda (e que já citei nesta coluna, alguns anos atrás):

“Por favor, olhe com atenção! Aquilo é o Oceano de Almas! Observe as ondas de almas se erguerem, se quebrarem e depois voltarem ao oceano... Vida após vida após vida... É incrível! Mas algumas almas... Algumas almas viajam lado a lado em cada encarnação. Seus vínculos são tão poderosos... Seus carmas são tão fortes... Que não importa o quanto se distanciem... Elas nunca estão a mais do que um batimento cardíaco de distância!

Centenas de milhões de encarnações humanas... Você imagina quantas delas nós dois passamos juntos? Todas. Todas! Como mãe e filho... Como amigos... Como mestre e discípulo... Marido e mulher... Irmãos... Irmãs... Rivais... Amantes... Até mesmo inimigos!

Nós sempre estivemos juntos e sempre estaremos... Até que nossas danças cheguem ao seu infindável término!”

Esse diálogo me faz pensar no Amor, muito mais do que em namoros ou em relacionamentos. E talvez a Semana dos Namorados, a mais romântica do ano, faça mais sentido se for encarada assim. Feliz semana para você, esteja ou namorando ou não, goste de quadrinhos ou ano. Te desejo Amor, na delicadeza como foi escrito por J.M. DeMatteis.