Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Há duas semanas, nós, fãs de quadrinhos, perdemos o roteirista e ilustrador Keith Giffen (1952-2023). Na semana passada, aproveitei esta coluna para destacar seis ótimas HQs dele – mas não achei o suficiente. Afinal, Giffen não só escrevia HQs com muita ação e muito humor, mas criava muito – e falo aqui em quantidade. Há tanto material com seu nome envolvido na produção, seja como escritor e/ou desenhista, que parece que ele simplesmente não dormia, inventava HQs 24 horas pordia.

Muito desse material permanece inédito aqui no Brasil. Separei alguns, na esperança de sensibilizar editores (um abraço, pessoal!).

Hell on Earth” (de 1985)

Mencionei acima que Giffen fez a maior parte de sua carreira no gênero dos super-heróis... mas não toda. De 1985 a 87, a DC lançou uma série de graphic novels de ficção científca (apenas sete!), das quais apenas uma saiu no Brasil (“Demônio da Mão de Vidro”, pela Globo, em 1989).

O álbum que abre a série é “Hell on Earth” (“Inferno na Terra”, em tradução livre), com uma história de Robert Bloch (autor do livro “Psicose”) sendo adaptada por Robert Loren Fleming e Giffen (você verá mais desta dupla logo abaixo). O enredo traz dois cientista e um escritor de horror em um ato de invocação do demônio – convenhamos, uma sinopse muito mais de terror do que de ficção científica.

Heckler (de 1992)

Keith Giffen fez a maior parte de sua carreira no gênero dos super-heróis – inclusive com um longuíssimo trabalho na Legião dos Super-Heróis. Sabendo tudo e mais um pouco do tema, ele podia inovar em um universo em que se tornou cada vez mais difícil trazer um superser com poder inédito.

Pois bem. O Heckler (o Importuno, em tradução livre) é uma brincadeira com o gênero – afinal, seu superpoder é... ser capaz de irritar qualquer um. A mini de origem do Heckler, em seis partes, foi lançada em 1992 e contou com arte de Giffen e roteiro dele mesmo e de Tom Bierbaum e Mary Bierbaum.

Liga da Justiça 3000 (2014-16)

Daqui a mil anos, cinco vilões poderosíssimos dominarão o universo conhecido. O mais fraco deles é tão mais poderoso que o Superman que um conflito entre os dois seria algo como cem clones de Mike Tyson enfrentando, sei lá, um rato. Mesmo assim, cientistas tentam criar uma maneira de os enfrentar: recriando, ainda que de maneira mal feita, os principais heróis da lendária Liga da Justiça.

Esta é uma série de super-heróis (que durou apenas 27 números!) bem clássica: muita aventura, super-seres, reviravoltas e toques de humor, cortesia de Giffen, J.M. DeMatteis e Howard Porter.

Sugar & Spike: Metahuman Investigations” (2016)

Entre 1956 e 1971, a DC lançou, bimestralmente, um gibi inocente voltado para o púbico infantil: “Sugar and Spike”, sobre duas criancinhas fofíssimas. Décadas depois, Keith Giffen entraria em cena e...

Giffen e a brasileira Bilquis Evely criaram em 2016 uma divertida versão de Sugar e Spike, que agora estão jovens e tocam um escritório de investigação para casos que envolvem meta-humanos (ou seja, seres com poderes).

Ambush Bug

Embora, cronologicamente, devesse entrar no início desta lista, deixei por último por ser meu personagem favorito de Giffen: Ambush Bug, traduzido por aqui como Besouro Bisonho. Sim, ele já saiu no Brasil, mas apenas como coadjuvante – suas HQs como protagonistas permanecem inéditas.

“Ambush Bug”, a primeira, de 1985, já tem um traço importante do personagem: ele sabe que é um personagem de quadrinhos, quebra a quarta parede (conversa com o leitor, com direito a bilhetinho colado no meio da página) e brinca com convenções do meio (inclusive ensinando a ensinar o personagem – imagem que abre este texto). O terceiro número, aliás, é focado na história do Universo DC – com o Ambush Bug, claro, tirando sarro das inconstâncias na continuidade e dos personagens mais ridículos.

“Son of the Ambush Bug”, do ano seguinte, é uma continuação: ele é recrutado para salvar o Universo DC justamente por ser o único herói que sabe que está dentro de um gibi (ele, inclusive, morre e ressuscita algumas vezes durante a minissérie mais ou menos “porque sim”. Lançada entre 2008 e 2009, “Ambush Bug: Year None” é anárquico até na numeração: depois do número 5, vem o número 7, apenas pelo motivo de fazer piada.

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.