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A Mulher-Maravilha não é mais a mesma. Em uma revista publicada na semana passada, a editora DC Comics lançou Yara Flor, uma heroína brasileira que é a herdeira do título de Mulher-Maravilha.

A amazonense Yara Flor faz parte de um evento chamado “Future State”, que abrange todas as revistas da DC lançadas em janeiro e fevereiro deste ano. As histórias deste projeto se passam em um possível futuro da editora e estão cheias de novos heróis e vilões. Se estes personagens serão incorporados ao presente das histórias (ou seja, à cronologia oficial), só o tempo dirá. Ou seja, muitos podem apenas estar sendo testados – caso não façam sucesso, são deixados de lado.

Mas tudo leva a crer que Yara Flor, a Mulher-Maravilha brasileira, veio para ficar. Afinal, já está sendo produzido um seriado de TV que será protagonizado por ela: “Wonder Girl”, que provavelmente será chamado no Brasil de “Moça-Maravilha”. Ainda sem data de estreia, “Wonder Girl” será exibido pelo CW, mesmo canal de “Flash” e “Supergirl”.

A estreia de Yara Flor nos quadrinhos acontece em uma minissérie em duas edições (Future State: Wonder Woman), a ser concluída em fevereiro. A criadora da personagem, a norte-americana Joëlle Jones, é quem escreve e ilustra a aventura. E ela pesquisou para criar.

As histórias da Mulher-Maravilha são tradicionalmente relacionadas à mitologia grega – desde a sua primeira aventura, as deusas Afrodite e Atenas, além do onipresente Hércules, estão lá. Na HQ de Future State, Yara Flor viaja a um inferno que tem muito de grego – inclusive, é guardado por Cerebus, o gigantesco cão de três cabeças. Mas há espaço para o folclore brasileiro. Separei as personagens citadas e trago informações sobre elas, extraídas de dois fabulosos livros de Luís da Câmara Cascudo: “Dicionário do Folclore Brasileiro” e “Geografia dos Mitos Brasileiros”. Os trecho entre aspas são citações diretas do livro.

Boitatá (ou Mboi-Tatá e variantes) – A descrição varia muito, mas é uma espécie de cobra gigante feita de fogo. Uma das explicações para a origem desse mito é que seria uma explicação para o fenômeno do fogo-fátuo.

“Mboitatá é o gênio que protege os campos contra aqueles que os incendeiam; como a palavra o diz, Mboitatá é: ‘cobra de fogo’; as tradições figuram-na como uma pequena serpente de fogo. Às vezes transforma-se em um grosso madeiro em brasa, que faz morrer por combustão aquele que incendeia inutilmente os campos.”

Caipora (ou Caapora e variantes) – Assim como o Curupira, Caipora é um espírito protetor da floresta e, por extensão, da natureza. Sua descrição também varia muito dependendo do local de onde a história é contada, mas é vista como uma índia.

“No nordeste e no norte do Brasil o Caapora é Caipora, figura de indígena pequena e forte, coberta de pelos, de cabeleira açoitante, dona da caça, doida por fumo e aguardente. A Caipora nordestina é mulher, monta o porco-do-mato e ressuscita os animais abatidos.”

Cavalos com asas - O cavalo alado que acompanha Yara se chama Jerry, e é aparentemente bem distraído. Eu, particularmente, achei estranho, pois me remete a Pégaso, o cavalo com asas da mitologia greco-romana. Câmara Cascudo fala da importância do cavalo para um status de nobreza: “Ter cavalo e andar a cavalo eram títulos de elevação social”.

Tupã – Originalmente, Tupã era um deus menor no panteão dos índios, normalmente associado ao trovão. Quando chegaram, os colonizadores europeus passaram e recontar os mitos locais colocando Tupã como o deus supremo entre os índios, imagem à qual ele hoje é associado.

“Tupã, deus que fala pelos trovões e vê pelo caracol dos relâmpagos e raios, é tão literário como o Júpiter. Tupã era primitivamente o trovão e depois o ente que governava. Popularizado nas orações feitas pelos jesuítas, passou para a literatura como o Deus dos Índios Brasileiros.”

O folclore brasileiro é gigantesco. Vai ser divertido se pintarem nas páginas da DC Comics personagens como o Saci, o Curupira, o Barba-Ruiva, a Matinta Pereira...

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. Nascido e criado em São Paulo, é filho de um físico luso-angolano e de uma jornalista paulistana.

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