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Há duas semanas, separei dez obras que tentavam sintetizar os 85 anos da gigante do entretenimento Marvel. Tinha Capitão América e Jack Kirby, Quarteto Fantástico e Stan Lee, Homem-Aranha e Gerry Conway... E, mesmo assim, muita gente bacana ficou de fora.

Então, resolvi fazer uma “segunda chamada”: mais dez obras bacanas que permeiam a história da “Casa das Ideias”, como o Marvel era chamada quando era “apenas” uma editora, antes de seu Universo Cinematográfico mexer com a história do cinema.

1939 – “O Tocha Humana”, de Carl Burgos

A estreia aconteceu tanto tempo atrás que a editora ainda nem era Marvel: chamava-se Timely. E primeiro passo veio com uma revista que apresentava sete personagens diferentes aos leitores. O primeiro deles era o Tocha Humana – não o membro do Quarteto Fantástico que conhecemos hoje, mas um androide superpoderoso que, pasme, ainda não apareceu de carne e osso (ou, no caso dele, metal e mais metal) no Universo Cinematográfico Marvel. O nome da revista era... Marvel Comics. Advinha de onde veio o futuro nome da editora?

1939 – “O Sub-Marino”, de Bill Everett

A mesma edição de estreia da “Marvel Comics” trouxe a primeira aparição de outro personagem histórico: Namor, o Príncipe Submarino. Às vezes vilão, mas na maior parte do tempo herói, este poderoso e complexo personagem ainda dá o ar de sua graça nas páginas – e nos mares – da Marvel. O site Guia dos Quadrinhos registra poucas edições brasileiras que apresentem as duas histórias ao mesmo tempo - na verdade, apenas uma: “Gibi” nº 168, lançado em 1940.

1962 – “Homem-Aranha!”, de Stan Lee e Steve Ditko

Um dos mais carismáticos super-heróis da Marvel (ou de qualquer outra editora, na verdade) e dos quadrinhos (ou de qualquer outra mídia, na verdade), o Homem-Aranha lançou suas teias pela primeira vez nesta curta história (apenas 11 páginas). Curta, mas retumbante: sua trágica origem, e a poderosa frase “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades” ainda hoje reverberam nos alicerces do gênero dos super-heróis.

Esta HQ saiu muitas vezes no Brasil, sendo uma das edições mais recentes a “O Espetacular Homem-Aranha - Edição Definitiva” n° 1.

1965 – “Quarteto Fantástico – A Vinda de Galactus”, de Stan Lee e Jack Kirby

Esta trilogia de histórias talvez o grande salto na carreira do Quarteto Fantástico, quando eles passam de um grupo comum de super-heróis para o supergrupo capaz de lidar com ameaças cósmicas e problemaços científicos. Afinal, quem eles enfrentam é nada menos do que um “deus” capaz de se alimentar de... planetas inteiros: Galactus! De quebra, surge aqui um dos personagens mais bacanas da Marvel: o Surfista Pratedo.

1979 – “Homem de Ferro: O Demônio na Garrafa”, de David Michelinie, Bob Layton e John Romita Jr.

Minha história favorita com o playboy bonitão da Marvel. Esqueça o Monge de Ferro, o Homem de Titânio, o Doutor Destino ou qualquer outro rival enfrentando pelo Vingador Dourado. Nenhum adversário foi tão perigoso para Tony Stark, o invencível Homem de Ferro, quanto seu alcoolismo.

1980 – “X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido”, de Chris Claremont e John Byrne

A dupla Chris Claremont e John Byrne marcou golaço atrás de golaço em sua fase nos X-Men. Dependendo do fã, o arco de histórias a ser escolhido será um. Temos “A Saga da Fênix Negra”, “A Saga de Proteus”... Fico aqui com a ficção científica “Dias de Um Futuro Esquecido”, com o futuro tentando interferir no passado (bem antes de isso virar modinha e aparecer todo mês em um filme ou série a ser lançado).

1987 – “Homem-Aranha - A Última Caçada de Kraven”, de J.M. DeMatteis e Mike Zeck

Uma das histórias mais dramáticas do Homem-Aranha – e olha que não são poucas. O vilão sem poderes, mas inteligentíssimo, Kraven finalmente derrota o Homem-Aranha. Seu planejamento funciona perfeitamente, e o herói acaba dentro de um caixão, devidamente enterrado. E agora, o que será de Kraven? E qual o impacto desta sua última aventura para o herói aracnídeo?

2001 - “Jessica Jones: Alias”, de Brian Michael Bendis e Michael Gaydos

Depois das centenas (milhares!) de super-heróis e supervilões criados no século 20, fica difícil criar um personagem que seja novo e cativante. Bendis e Gaydos conseguiram. Jessica Jones é uma super-heroína aposentada que virou detetive (conceito que Bendis já havia usado em sua excelente série “Powers”), e de detetives o mundo dos super-heróis está repleto. O que distingue Jessica Jones é o que está por trás dela: sua (dolorosa) vida pregressa, seu comportamento tão humano – e errático-, seus erros e acertos. Uma saga bacana e inteligente.

2018 e 2019 – “Vingadores: Guerra Infinita” e “Vingadores: Ultimato”, ambos dirigidos por Anthony Russo e Joe Russo

Os dois longas dos Vingadores lançados em 2018 e 2019 foram, que me perdoe Martin Scorcese, mais do que só filmes. Foram eventos culturais. Movimentaram as redes sociais, o noticiário, a interação entre as pessoas por um bocado de tempo. Um amigo me contou que, no dia da estreia aqui no Brasil, ele entrevistou uma mãe e uma filha logo após elas assistirem ao filme. Ambas choravam muito – e por cenas diferentes. Criado cuidadosamente, com poucos lançamentos por ano (o que acabaria se perdendo depois disso), o Universo Cinematográfico Marvel soube chegar ao coração dos espectadores.

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.