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A editora norte-americana DC já era uma gigante dos quadrinhos no início dos anos 90, quando Superman e Batman vendiam maravilhas. Neste contexto, ela deu um passo interessante: a criação da Vertigo, um selo editorial de quadrinhos voltado para adultos (ou “leitores maduros”, no eufemismo adotado pela DC).

No início, os autores por trás da Vertigo aproveitavam personagens ou conceitos que já existiam no riquíssimo universo da DC, caso do Monstro do Pântano de Alan Moore, o Sandman de Neil Gaiman ou o Homem-Animal de Grant Morrison. Aos poucos, foram se soltando e apresentando novos personagens e até formatos.

Nem tudo, claro, foi fantástico. Mas teve muita coisa bacana – algumas, nós, brasileiros, tivemos a felicidade de ter acesso, como o Preacher de Garth Ennis & Steve Dillon ou Os Invisíveis de Grant Morrison. Mas muita coisa permanece inédita.

A DC extinguiu a Vertigo em 2019. No mês passado, entretanto, anunciou seu retorno. Acho um bom momento para comentar cinco títulos da série que são inéditos no Brasil, e que adoraria que saíssem por aqui (mesmo sem ainda os ter lido). Algum editor se habilita?

Cairo”, de G. Willow Wilson e M. K. Perker

A escritora G. Willow Wilson não é nome estranho para quem lê as HQs da Marvel ou acompanha o universo cinematográfico da editora: trata-se da criadora de Kamala Khan, a carismática Miss Marvel. Sua estreia nos quadrinhos, entretanto, se deu na rival DC: foi com a graphic novel “Cairo”, ilustrada pelo turco M.K. Perker. A história, com pitadas de magia, é ambientada no Cairo contemporâneo e aborda seis pessoas arrastadas para um caso que envolve um narguilé roubado.


Swamp Thing: Roots”, de Jon J. Muth

O Monstro do Pântano (Swamp Thing, no original) é um dos meus personagens favoritos justamente por conta de fantástica fase escrita por Alan Moore – não à toa, uma espécie de “fio-condutor” para o que seria a Vertigo. Jon J. Muth, por sua vez, me encantou com sua arte lindíssima em “Moonshadow”, “Drácula: Uma Sinfonia de Pesadelos ao Luar” e outros. Estou curioso para ver sua abordagem nesta graphic novel ao pegar um personagem tão interessante quanto o Monstro do Pântano.


Undercover Genie”, de Kyle Baker

O norte-americano Kyle Baker tem um traço muito autoral, caricato mesmo – e, mesmo assim, transita com facilidade entre títulos independentes e comerciais (sua passagem com o Homem-Borracha, da DC, é ótima). Seu talento já foi reconhecido com nada menos do que oito prêmios Eisner Awards em quatro categorias diferentes. Eu poderia ter selecionado qualquer um dos seus seis trabalhos para a Vertigo, mas fiquei com este justamente por ser completamente fora do padrão: reúne materiais diversos como tiras curtas e ilustrações criadas originalmente para outros formatos que não os quadrinhos.


Vertigo Pop: Tokyo”, de Jonathan Vankin e Seth Fisher

A Vertigo teve alguns “sub-selos”, digamos assim. Um deles foi “Vertigo Pop”, em que a obra deveria abordar “cultura pop em todo o mundo de uma forma vagamente definida”. Esta minissérie em quatro partes, como o nome indica, é ambientada na capital japonesa, e traz a arte fantástica de Seth Fisher, um artista com uma imaginação gigantesca (que você pode conferir em “Lanterna Verde: Mundo Surreal”, recentemente relançado aqui), mas que teve uma triste morte precoce aos 32 anos.


I, Paparazzi”, de Pat McGreal, Stephen John Phillips e Steven Parke

Talvez a mais divertida experimentação de formato desta lista – e que tem tudo a ver com o conteúdo da graphic novel. “I, Paparazzi” (“Eu, Paparazzi”, em tradução literal) narra a história de um incansável fotógrafo de celebridades e o que acontece quando ele encontra uma estrela temperamental. Para contar esta história, temos fotos no lugar de ilustrações. Ou seja, é literalmente uma fotonovela – mas editada com uma qualidade sublime, diferentemente daquelas que eu encontrava nas bancas de jornais na minha infância.

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.