James Gunn e Peter Safran, os dois nomes por trás do novo Universo Cinematográfico da DC (chamado de DCU), sabem criar notícias e alimentar as expectativas dos fãs.
Em doses homeopáticas, vão dando dicas do que vem por aí, tentando atiçar a curiosidade dos eventuais espectadores. Lançam um trailer lindo para o filme vindouro do Superman. Poucos dias depois, novo barulho: Jason Momoa, que fez um ótimo trabalho interpretando o Aquaman nos cinemas, será terá a responsabilidade de viver o poderosíssimo Lobo!
Mas, peraí, quem é o Lobo?
O Lobo é um dos mais carismáticos anti-heróis da DC - talvez o primeiro grande do gênero da editora. Trata-se de um mercenário alienígena grandalhão, de pele branca e cabelão descuidado, que viaja pelas galáxias fazendo serviços sujos em troca de muito dinheiro. Fala palavrões, gosta de violência e não tem pudor de matar, mas segue um peculiar código de ética que acaba o aproximando dos leitores (isso e o humor sempre presente em suas aventuras).
Nascido no distante planeta de Czarnia, o Lobo (que se autoproclama “o Maioral”) é um exímio lutador com poderes que o tornam quase um semideus: superforça, supervelocidade, sentidos super-aguçados, capacidade de cura quase instantânea – e é praticamente invulnerável. Está praticamente no mesmo nível de poder que o Superman, embora não voe (usa uma espécie de moto capaz de viajar no espaço a velocidades astronômicas).
A história de publicação do personagem é interessante. Surgiu em 1983 como um vilão em uma revista de menor expressão, protagonizada pelos ainda hoje desconhecidos Ômega Men. Criado por Roger Slifer e Keith Giffen, o Lobo de então já era um mercenário poderosíssimo, mas que usava um uniforme brega laranja e roxo (felizmente descartado posteriormente) nascido no planeta Voorl (o que seria alterado em publicações futuras).
Após seu surgimento, Lobo fez aparições esporádicas em revistas da DC por um tempo, até ser contratado para assassinar (ele é mercenário, lembra?) a Liga da Justiça. O confronto entre ele e os heróis foi violento – e hilário, o que ajudou a catapultar sua fama. Depois, foi contratado (e depois, enganado) para fazer parte de uma tropa de heróis galáticos chamada L.E.G.I.Ã.O., onde sua personalidade continuou irascível, mas seus atos se tornaram mais palatáveis, auxiliando na transição não muito objetiva de vilão para anti-herói.
Nos anos seguintes, Lobo passou a ganhar minisséries próprias, edições especiais e até uma revista mensal, com histórias sempre recheadas de viagens interplanetárias, muita violência e palavrões incompreensíveis (não sabemos o que significa “gizz de feeetal” ou “frag”, mas coisa boa não é).
Enquanto estava nas histórias dentro das revistas tradicionais da DC, como da L.E.G.I.Ã.O. ou em eventuais confrontos com o Superman, o personagem era tratado dentro de alguns limites. Nas obras protagonizadas por ele, entretanto, os artistas por vezes se sentiam livres para criar qualquer tipo de situação absurda, desde que houvesse humor grotesco, violência desenfreada e enredos que prescindissem de sentido lógico. Em “Lobo Está Morto”, ele de fato falece, mas é tão insuportável que o devolvem para a vida. Em “Lobo versus Papai Noel”, ele é contratado para assinar o Bom Velhinho – e o mandante do crime é ninguém menos do que o Coelhinho da Páscoa...
A popularidade de Lobo o levou a transcender para outras mídias. Teve papeis de coadjuvantes nas animações “Justiça Jovem” e “Jovens Titãs em Ação”, por exemplo, e até teve participação importante no seriado “Krypton”, em que foi vivido por Emmett J. Scanlan.
A estreia de Jason Momoa como Lobo será no filme “Supergirl: Mulher do Amanhã”, que está agendado para 2026. Podemos esperar cenas de ação, violência, palavrões e muito humor. Aliás, se James Gunn mantiver a qualidade de seu trabalho recente, podemos esperar ansiosamente, inclusive.
Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.
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