- Juliana, minha filha, tem sido um misto de emoções vê-la crescer. Difícil e, ao mesmo, formidável. Meu bebê se transformando em um linda jovem. Minha doce e forte companhia na quarentena.

Esse texto vai para mães de recém-nascidos, mães de primeira viagem, que acham que estão vivendo o momento mais desafiador da maternidade: o de se tornar mãe. Esse recado é para vocês. Como dizem, o tempo passa rápido, voa mesmo! Então, pode parecer repetitivo, mas é a mais pura verdade e aproveitem. Ah, e acreditem, como essa fase inicial, de tantas novidades e dificuldades, várias outras virão. E ao vencer uma etapa, vocês seguirão para a próxima. Um desafio por vez.

Me lembro quando a minha filha Juliana nasceu. Eu não tinha a mínima experiência em cuidar de recém-nascido e achava, ingenuamente, que “tiraria de letra”, que seria tranquilo. Com um curso feito em uma maternidade e muitas dicas de avós e amigas mães, me armei de coragem e disposição. Triste ilusão.

A insegurança diante de um ser tão frágil e dependente de mim, fora o cansaço físico depois de muitas noites sem dormir, me fizeram sucumbir ao medo de que não daria conta. Eu também estava me transformando, não me reconhecia mais. Era todo um universo novo, eu virei mãe. E a Roberta de antes?

- Acontece que os meus papéis estavam se modificando, eu tentando me reencontrar e ainda tinha você, Juliana, um bebê que chorava e eu chorava junto, não conseguia te decifrar.

Eu e a minha filha ainda estávamos nos conhecendo, nos descobrindo. Foi uma época mágica, inesquecível. Uma alegria sem fim ter a Juliana nos meus braços, poder amamentá-la olhando nos olhos, sentindo o cheirinho dela e construindo a nossa relação. Desta vez cara a cara, criando o nosso vínculo, apesar de tantas incertezas.

Ouvi da psicoterapeuta Lúcia Rosenberg uma das coisas mais belas sobre o cordão umbilical de um recém-nascido. Lúcia escreveu o livro Cordão Mágico, histórias de mães e filhos. A psicanalista falou em um dos programas Papo de Mãe que ela participou que o cordão entre mãe e filho é cortado e refeito inúmeras vezes, de maneiras diferentes. É isso justamente o que eu sinto. Com os anos, essa ligação invisível com a minha filha foi se desfazendo e modificando. Uma constante formação de novos laços.

Coração de mãe precisa ser forte, e como! Cheio de amor para dar. Romper o cordão umbilical no nascimento, literalmente, já é cercado de várias questões físicas e psicológicas. É a primeira grande ruptura. O bebê que ficou dentro da sua barriga e dependia exclusivamente de você durante toda a gravidez, ganha o mundo. Essa conexão é refeita na convivência, nos erros e acertos, nos sofrimentos e alegrias, na aprendizagem e crescimento. Você vai renascendo como mãe.

A maternidade é uma renovação eterna. No fim tudo dá certo e as boas lembranças ficam na memória.

- Minha filha, impossível contar quantas vezes nosso relacionamento se moldou!

Hoje, a Juliana já está uma moça, cheia de opinião e certezas, trava suas próprias lutas e comemora suas conquistas. Minha parceira de isolamento social, que em breve irá prestar vestibular e seguirá sua profissão e sua vida adulta. Ela realmente está crescendo, é verdade, o que é maravilhoso. Mas eu sei o quanto a Juliana, aos 17 anos, ainda tem daquela recém-nascida, que precisa do meu colo, assim como eu preciso do dela. Sou e serei mãe da Juliana para sempre. E para mim, ela sempre será o meu bebê.

Vê-la deixando de ser uma criança para se tornar uma garota tão independente e segura de si me enche de orgulho. Mas eu também gostaria de poder voltar no tempo e viver aqueles dilemas do início da maternidade. Aquele começo assustador que me fez perder o sono a partir do momento em que a Juliana nasceu. As primeiras semanas de vida dela me deixaram quase louca, mas me moldaram na mãe que sou hoje.

Mamães de filhos pequenos, curtam ao máximo enquanto é tempo. Quem disse que seria fácil vê-los crescer?

Aqui, algumas dicas de programas do Papo de Mãe para assistir:

Roberta Manreza é mãe, jornalista e apresentadora do programa Papo de Mãe, da TV Cultura.

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