Fundação Padre Anchieta

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Nas redes sociais do Papo de Mãe nós lançamos a campanha “Crie filhos antirracistas”. Uma série com vídeos e entrevistas traz vozes negras para falar sobre racismo e infância. Há 11 anos no ar, nosso programa sempre tratou deste tema (abaixo estão alguns links como sugestão).

Percebo um aumento, ainda tímido, de mobilização de parte da sociedade branca em relação, por exemplo, ao ensino básico, com a formação de coletivos de pais e mães de alunos de escolas privadas para promover a inclusão de estudantes negros e negras e a presença de mais professores e diretores negros e negras. Uma movimentação mais ampla como esta ainda não tinha acontecido, mas acredito que “antes tarde do que nunca”. Isso é ser antirracista, como explicou, em uma de nossas entrevistas para o site do Papo de Mãe, a pedagoga Clélia Rosa. “Não basta você dizer que não é racista e não fazer nada, é necessário ter uma atitude antirracista, é preciso ter uma ação”, disse Clélia. Ela destaca a necessidade do cumprimento da Lei Nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que obriga o estudo da História e da Cultura Afro-Brasileira nas escolas.

A verdade é que o Brasil tem um histórico racista desde nossa colonização escravocrata, o que é uma vergonha eterna. Para Douglas Belchior, cofundador da Coalizão Negra, que participou de entrevista ao vivo que fizemos nas redes da TV Cultura (Encontros Digitais Cultura, segundas, às 16h), “Enquanto houver racismo não haverá democracia”. A afirmação é título, inclusive, do manifesto lançado pela Coalizão recentemente.

O racismo não está apenas em declarações e atitudes, mas é estrutural na sociedade brasileira e isso precisa ser desconstruído – e até destruído. A advogada Monique Prado conta, por exemplo, que os números de juízes negros (pardos e pretos) somam 18% do judiciário. As mulheres negras são apenas 1,5%. “Com esses dados, ainda vamos demorar mais de 20 anos para chegar a ¼ de negros na magistratura. Enquanto formos o país do “você sabe com quem está falando”, teremos que lutar contra os privilégios nos espaços de poder”, constata Monique. Ela também enviou um vídeo para nossa campanha antirracismo. Os depoimentos desta campanha estão no Facebook e no site do Papo de Mãe.

No livro Quem é Negra/o no Brasil? , da socióloga Najara Costa, lançado este mês pela editora Dandara, a autora faz uma análise da importância da política de cotas no Brasil. Segue um trecho do livro:

“As ações afirmativas para a população negra, implantadas no Brasil a partir da segunda metade da década de 1990, têm demandado, nos últimos anos, reflexões nas diferentes áreas em que foram adotadas. Desde então, as cotas raciais repercutiram amplamente na produção acadêmica como modalidade mais expressiva dessas políticas.”

Em conversa recente que tive com o professor Silvio Almeida, comentei como é triste constatar que ainda há, por exemplo, poucos médicos negros. E ele me respondeu: “Aguarde os filhos das cotas”. Com esta frase, ele me deu a esperança de estarmos no caminho certo para mudar esta realidade segregadora que ainda temos.

A ginecologista Ligia Santos, que colabora com o Papo de Mãe como especialista, já nos contou histórias como a de quando uma paciente, num hospital, entrou no consultório e perguntou para ela onde estava a médica: “Isso já aconteceu mais de uma vez”. No vídeo que gravou para nossa campanha antirracismo, Ligia declarou:

“Há séculos e séculos o Brasil convive com o racismo e infelizmente convive de uma maneira amigável demais. O racismo devia ser combatido, devia ser expelido da nossa sociedade, mas a gente sabe que não é. Eu sou escura, tenho a pele retinta. Pessoas como eu convivem com o racismo desde a infância”

Mafoane Odara, psicóloga e ativista, também convidada da live que fizemos com Douglas Belchior nas redes da TV Cultura, reforçou a importância da participação dos brancos na luta antirracista. “Se tem alguém que é discriminado, tem alguém que discrimina”, ela disse.

E tem ainda os números trágicos que mostram que os jovens negros são os que mais morrem assassinados no nosso país e as mulheres negras as que mais sofrem com a violência obstétrica e com a violência doméstica. Mulheres negras sofrem duplamente: com racismo e com o machismo, raça e gênero.

Para uma infância com diversidade, igualdade e fraternidade, os livros infantis precisam também ter personagens negros com histórias positivas, como heróis. É importante ler livros escritos por pessoas negras e isso se estende aos brinquedos e brincadeiras. Ficam como dicas as bonecas da Loja Preta Pretinha, das queridas Lucia Venâncio e Antônia Joyce Fernando, e os vídeos da educadora Tatiane Santos, que também gravou um depoimento para nossa campanha.

Autoras e autores negros e negras são tantos! Vale pesquisar. Apenas para citar alguns: Najara Costa, Djamila Ribeiro, Conceição Evaristo, Sueli Carneiro, Silvio Almeida, Plinio Camillo,Chimamanda Ngozi Adiche, Angela Davis.

Mas gostaria de destacar o livro Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves, que estou lendo com minha família. Ele é narrado pela africana Kehinde, roubada quando criança na África e escravizada em Salvador dos anos 1800. Um livro que toda pessoa que nasceu no Brasil deveria ler.

Seja antirracista. Crie filhos antirracistas. Uma campanha do Papo de Mãe.

Nosso espaço está aberto a todos que quiserem se expressar. Podem enviar vídeos para: contato@papodemae.com.br

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Abaixo, separamos alguns links do programa Papo de Mãe, que vai ao ar de segunda a sexta, às 19h10, na TV Cultura.

Racismo na Infância


Racismo nas escolas


Racismo e Maternidade