A propaganda de Dia dos Pais de uma marca de cosméticos causou polêmica por ter como personagem central um pai trans, o Thammy Miranda.
O lado bom disso tudo foi trazer o tema para o centro do debate. Apesar de todo o discurso de ódio e intolerância que o comercial despertou, também houve um movimento de defesa e de respeito. Sem contar que, no caso da empresa, o valor das ações dispararam.
Levando em conta o lado humano, acredito que todos ganham, porque é falando, mostrando e informando que quebramos preconceitos – mesmo que seja aos poucos.
Uma família pode ser formada de diversas maneiras: pai, mãe e filhos, dois pais, duas mães, mãe sozinha, pai sozinho, pais trans, e por aí vai. Porque o que deve definir “família” é afeto, amor, respeito, cuidado.
De que adianta, por exemplo, uma família tida como “tradicional”, com pai e mãe casados, se este pai agride esta mãe e muitas vezes até os próprios filhos?
Não cabe mais a intolerância, as pessoas são livres para formar como quiserem suas famílias.
Um dos programas mais marcantes que fizemos nestes 11 anos do Papo de Mãe foi o que recebemos uma família trans. Vieram até o nosso estúdio para bater um papo com a gente o Vinny (Vinícius Martins), um pai trans, a Alanna Patrícia, uma mãe trans, e o filhinho deles. O bebê fofo e feliz, Allyson, estava, na época, com 9 meses. O programa foi ao ar em dezembro de 2018.
Bruna Svetlic, da Coordenação de Políticas LGBTI da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, participou do Papo de Mãe com o casal Alana e Vinny e falou sobre o Programa Trans-Cidadania e sobre os centros de cidadania LGBTI, com atendimento jurídico, psicológico e social. Ela explicou que pessoas trans têm o direito de mudar o nome nos documentos e que tudo isso pode ser feito por estes programas de auxílio.
“A gente tem modelos de família transexuais, homoafetivas, monoparental, a sociedade vai mudando e novos modelos são criados. A sociedade tem o papel de se adaptar. É um direito das famílias serem diversas e plurais.”, disse Bruna no Papo de Mãe.
Alanna contou que não sofreu preconceito na família quando, aos 13 anos, começou sua transição de menino para menina. Mas sofreu, e muito, na escola: “Não respeitavam o nome que eu adotei”.
Vinny revelou que a gravidez dele não foi planejada, mas “foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida”, disse ele sobre ser pai. Ele enfrentou preconceitos durante a gestação por ser um “homem grávido”, algo que causava estranheza em algumas pessoas.
O casal concorda que causar estranheza e curiosidade é natural e não se importa em responder quando as pessoas perguntam sobre isso, desde que de uma maneira educada e respeitosa. Mas é muito grave quando existem julgamentos e agressões. Crime até.
“Eu não vou confundir a cabeça do meu filho porque ele vai ter uma boa educação”, costuma dizer Alana.
Um feliz Dia dos Pais para Vinny, o pai que engravidou, e para todos os tipos de pai, inclusive para os que se declaram pais e para os que se sentem pais.
E em especial ao meu pai, Ricardo.
Aqui está o link da Prefeitura para saber mais sobre os projetos citados.
Assista ao episódio do Papo de Mãe com a família trans:
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