Fundação Padre Anchieta

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Se você respondeu “miojo”, este texto é pra você! Garanto que vai se identificar. Mas, se você disse “ah, eu sou masterchef... pigarro... pigarro...”, também pode se deliciar nesta coluna que, te prometo, será um fast food literário saudável e apetitoso.

De entrada, vamos voltar no tempo e apreciar o cardápio do ser humano nos primórdios da história: frutas, raízes, vegetais e deliciosos carpaccios de carne e peixe à moda das cavernas. Sim, isso tudo até o advento do fogo. A partir daí, nossos ancestrais inventaram o churras e o mundo nunca mais foi o mesmo.

Darwin dizia que, depois da linguagem, o fogo é maior descoberta da humanidade. E, com certeza, o homem primitivo deveria apoiar esta afirmação. Ele entendeu que não precisava mais ficar vagando à procura de alimentos crus e isso deu tempo a ele para evoluir os seus dotes culinários.

Agora, vamos imaginar a surpresa deles ao mastigarem o primeiro contra filé de mamute assado na pedra lascada, ao molho de figo selvagem e servido na folha de palmeira seca. Ainda bem que naquela época já existiam cientistas culinaristas!

Com o passar do tempo e seguindo suas próprias culturas, os grupos foram adaptando seus paladares e criando seus próprios cardápios, usando sempre muita criatividade e os recursos encontrados em volta. Prova disso é a variedade de comidas que existem ao redor do mundo.

Ninguém se espanta mais ao ver povos degustarem espetinhos de escorpião, lascas de peixe cru e cremes condimentados enquanto, do outro lado do mundo, boi ralado e pressionado com queijo na chapa é servido numa bola de trigo assada como o must entre os jovens.


Como prato principal, fazemos uma rápida pesquisa no Google e encontramos pelo mundo comidas bem diferentes às quais estamos acostumados aqui no Brasil. Mas, também, vamos combinar: como explicar a um estrangeiro uma delícia composta por rabo de porco, orelha de porco, joelho de porco, barrigada de porco, tudo cozido num feijão que solta um caldo preto, servido com arroz branco, migalha seca de mandioca e rodelas de laranja. Sim, é uma delícia, mas pode soar um pouco estranho para quem nunca provou!


Vamos dar uma pequena volta ao mundo para conferir se alguém é páreo para nossa deliciosa feijoada brasileira:

Na Itália, fabricam um queijo cujo o segredo do sabor está em deixar apodrecer para criar pequenas larvas. Trata-se do Casu Marzu, iguaria envelhecida, cheia de buracos para que as moscas façam seu trabalho e depositem seus ovos ali dentro. Quando as larvas estão vivas, o sabor fica ainda mais acentuado. Uau! Mas é preciso cuidado. O Casu Marzu também foi considerado o queijo mais perigoso do mundo pelo Livro dos Recordes.

Pra quem tem coragem, uma boa dica é visitar a Escócia e apreciar o Haggis, um cozido feito estômago de ovelha, recheado com sebo, aveia, cebola e temperos, além de partes do próprio estômago, pulmão e coração. É cozido por cerca de três horas e servido com nabos. Se você fez careta apenas para os nabos, parabéns! Você é um carnívoro raiz!

Fervido no estômago de uma pequena ovelha.

Como sobremesa, apresento uma humilde Aletria: macarrão doce, cozido no leite e açúcar, com molho de ovos, tipicamente português. Nada mal.

Ah, e para encerrar, o cafezinho Kopi Luwaki é por conta da coluna. Feito nas ilhas de Sumatra, Java e Sulawesi, ele tem um processamento, no mínimo, peculiar: conta com a participando de um animalzinho chamado civete, que adora comer a camada externa do grão do café, mas não digere o grão interno. Daí a mágica acontece e o cocô do bichinho, seco e com o grão, vira tempero especial nesse cafezinho gostoso. Bom apetite!

Se formos buscar a criatividade do ser humano, este texto vai virar um rodízio eterno. Portanto, se você é daqueles que têm dificuldade até para acertar o ponto do ovo cozido, pense que tem gosto pra tudo nesse planeta. De repente, você até se descobre um grande cozinheiro, cria um livro de receitas de miojo gourmet exótico e se torna uma lenda das cozinhas. Quem sabe, hein?