Fundação Padre Anchieta

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Novembro está bem coerente com o ano de 2020.

Começamos janeiro com ameaça de guerra nuclear - ok, o destino deu seu sinal - e chegamos em novembro com apagão que já dura quase um mês no Amapá, manifestações antirracistas com cada vez mais razões para estarem mais inflamadas do que nunca e, é claro, a cerejinha do bolo: coronavírus potencializado e prometendo fechar de novo o planeta.

Fui bem sintética nas notícias, porque este mês está fervendo. E essa ebulição sensibiliza ainda mais as pessoas. Por isso, é preciso tomar muito cuidado para não machucarmos ainda mais quem está à nossa volta, e isso inclui pequenos deslizes, aparentemente ingênuos, mas que podem ter consequências bem graves.

Navegando nas redes sociais, tenho acompanhado muita gente, famosa ou não. A internet democratizou a comunicação e, hoje, todo mundo que tenha Wi-Fi e um celular pode mandar seu recado.

Qualquer um pode ser apresentador, humorista, artista, professor, comentarista, ator, cantor, desenhista, modelo, maquiador, cozinheiro, pesquisador, padeiro, palpiteiro ou seja lá o que for. Sinceramente? Acho ótimo. Afinal, no meio de tanta informação, sempre tem gente muito talentosa e que vale a pena ser seguida. Podemos fazer parte de várias tribos e ampliar nosso círculo de conhecimento.

Mas é claro que também tem os que tropeçam, que falam bobagem ou que não têm conteúdo. E sabemos que, muitas vezes, essas pessoas têm muitos seguidores. Os iguais se atraem.

Semana passada, tive algumas experiências interessantes navegando no gigantesco mar das “celebridades de aplicativos”. Uma delas foi presenciar uma famosa digital influencer, com quase um milhão de seguidores, incentivar o abandono do uso de máscaras. Baseada em pesquisas (provavelmente tiradas de algum áudio do WhatsApp), a moça dizia que não fazia diferença, que não temia o vírus por ser jovem e, por isso, tinha o direito de passear na rua alegre, com seu gloss de morango gritando, soltando perdigotos para quem estivesse por perto.

Por coincidência, uma querida amiga, jovem e super cautelosa, pegou o vírus esta semana por ter tido contato com pessoas sem máscara. Perdeu o paladar, teve febre, muita dor de cabeça e ficou de cama. Está em isolamento. O mundo, às vezes, é injusto.

De repente, a blogueira famosa pode já ter pego o vírus. Pode ter sido assintomática. Pode ter passado para alguém. Alguém pode ter sofrido muito. Alguém pode, inclusive, ter morrido. Jamais saberemos. Nem ela, que vai continuar na ignorância. Daí, eu pergunto: por que não se informar antes de fazer bobagem?

Em outro exemplo, tive a infeliz oportunidade de presenciar dois posts, de pessoas diferentes e sem relação entre elas, homenageando o dia da consciência negra usando... blackface.

Com enorme ingenuidade, os dois posts traziam um texto lindo, mas usavam a prática de pintar o rosto de preto, sem imaginar que estavam fazendo o oposto: o blackface ridiculariza os negros e é visto como enorme ofensa.

Em um deles, uma mulher dava sua mensagem emocionada, mas com o rosto pintado. Em outro, uma professora maquiou crianças e levantou placas com dizeres de paz e amor. Essa última imagem viralizou no Twitter e foi usada como exemplo daquilo que não deve ser feito. Foram milhares de compartilhamentos revoltados. Claro que a professora aprendeu a lição, apagou o post, pediu desculpas e se arrependeu por ter sido tão ingênua. Daí, pergunto de novo: por que não se informar antes de fazer bobagem?


Na maioria das vezes, a intenção é boa. Todos querem deixar seu recado, sua marca. Mas a ingenuidade e a falta de informação também são vilãs e, muitas vezes, causam um estrago enorme.

Existe muita responsabilidade quando temos um celular na mão ou uma máscara no rosto. Nossas atitudes têm consequências e estamos encerrando um ano bem diferenciado. 2020 não acabou, promete ainda muita história. Vamos tomar todo o cuidado do mundo com nossas palavras, sejam elas virtuais ou pessoalmente. Elas podem transmitir o ódio ou... o coronavírus.