Importante cidade industrial do Donbass, no leste do país, vem sendo destruída por massiva ofensiva das forças russas, que rumam, entre batalhas de rua, para a área central. Milhares de civis refugiam-se em porões.Tropas russas agora controlam "cerca de metade" de Sievierodonetsk, afirmou nesta terça-feira (31/05) Oleksander Stryuk, chefe da administração militar da cidade, que é a maior da área controlada pelas forças ucranianas na região do Donbass, no leste da Ucrânia, e nos últimos dias se tornou uma prioridade da invasão lançada por Moscou.
"Metade da cidade foi capturada pelos russos e ferozes combates de rua estão em andamento", disse Stryuk à agência de notícias AP. "A situação é muito séria, e a cidade está sendo destruída impiedosamente, quarteirão a quarteirão."
Stryuk disse que as forças ucranianas ainda estão defendendo a cidade, que é fundamental para as ambições da Rússia no Donbass. "Os militares ucranianos continuam a resistir a essa pressão frenética e à agressão das forças russas", disse.
Stryuk disse que a retirada de civis não é mais possível. Autoridades cancelaram esforços de resgatar os moradores após um ataque na segunda-feira que matou um jornalista francês.
"Captura demora mais que o esperado"
Forças separatistas pró-Rússia reconheceram que a captura de Sievierodonetsk está demorando mais do que o esperado, apesar de a região estar sendo cenário de um dos maiores ataques terrestres da guerra.
Analistas militares ocidentais dizem que Moscou remanejou tropas e poder de fogo do resto da frente para concentrar suas forças em Sievierodonetsk, na esperança que uma ofensiva maciça na pequena cidade industrial consiga produzir um resultado que a Rússia possa chamar de vitória em um de seus objetivos declarados no leste ucraniano.
"Já podemos dizer que um terço de Sievierodonetsk está sob nosso controle", afirmou Leonid Pasechnik, líder da autoproclamada República Popular de Lugansk, segundo a agência de notícias estatal russa Tass.
Os combates continuam na cidade, mas as forças russas não estão avançando tão rápido quanto se esperava, segundo Paschnik. Ele alega que as forças pró-Moscou querem "manter a infraestrutura da cidade" e que, por isso, estão se movendo lentamente por causa da cautela em torno das fábricas de produtos químicos.
Civis presos no fogo cruzado
A Ucrânia diz que a Rússia destruiu todos os pontos críticos da infraestrutura da cidade com seus bombardeios, seguidos por ataques terrestres massivos envolvendo um grande número de baixas.
Cerca de 12 mil dos 100 mil habitantes que a cidade tinha continuam no lugar, refugiados em porões para se proteger dos bombardeios.
Jan Egeland, secretário-geral do Conselho Norueguês de Refugiados, agência humanitária que há muito funcionava a partir de Sievierodonetsk, disse estar "horrorizado" com sua destruição.
"Tememos que até 12 mil civis permaneçam presos em fogo cruzado na cidade, sem acesso suficiente a água, comida, remédio ou eletricidade. O bombardeio quase constante está forçando civis a buscarem refúgio em abrigos antiaéreos e porões, com apenas algumas oportunidades preciosas para aqueles que tentam escapar."
As forças russas estão avançando em direção ao centro da cidade, mas lentamente, e não conseguindo cercar os defensores ucranianos no local.
O governador regional Serhiy Gaidai disse à televisão ucraniana que aparentemente não há risco de as forças ucranianas serem cercadas, embora elas possam ser forçadas a recuar através do rio Siverskiy Donetsk até Lysychansk, a cidade gêmea localizada na margem oposta.
md/lf (AP, Reuters)
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