Ex-premiê que renunciou ao cargo antes do curto mandato de Liz Truss antecipa retorno das férias e ensaia volta ao cargo. Aliados garantem que ele possui apoio suficiente para concorrer à chefia de governo.A corrida pelo cargo de primeiro-ministro no Reino Unido ganhou novos contornos neste sábado (22/10), com o retorno de Boris Johnson ao país, o que imediatamente gerou uma série de especulações.
O ex-premiê, que há apenas três meses teve de renunciar ao cargo após uma série de escândalos em seu governo, antecipou sua volta das férias na República Dominicana, dois dias depois de sua sucessora, Liz Truss, anunciar sua própria renúncia.
Truss deixou o cargo seis semanas após assumi-lo, na esteira de um programa econômico que abalou o mercado e dividiu o Partido Conservador. Ela se tornou a terceira chefe de governo a renunciar desde que o Reino Unido votou por sair da União Europeia (UE), e a que passou menor tempo na função em toda a história do pais – somente 45 dias.
Alguns dos aliados de Johnson já afirmam que ele possuiria apoio suficiente dentro do partido para ensaiar uma volta ao poder, embora ele ainda seja uma personalidade bastante controversa entre os conservadores.
O ex-vice-primeiro-ministro Dominic Raab chegou a afirmar neste sábado que não consegue enxergar de que forma o ex-premiê poderia retornar ao cargo, uma vez que ainda é alvo de um inquérito que investiga as festas ilegais de seu gabinete na sede do governo britânico, em violação às restrições impostas no auge da pandemia de covid-19.
Mas, segundo relatos divulgados pelo jornal Sunday Times e pelas emissoras BBC e Sky News, seus aliados garantem que ele teria o voto de mais de 100 parlamentares a seu favor, o que permitiria que seu nome possa ser lançado para concorrer à liderança do partido e, consequentemente, ao cargo de primeiro-ministro.
Rishi Sunak volta à disputa
Outro concorrente ao cargo é o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak, o ex-banqueiro de 42 anos que foi derrotado por Liz Truss na fase final do processo de nomeação do líder do Partido Conservador, há algumas semanas.
Nesta sexta-feira, seus aliados já haviam afirmado que ele possuiria o apoio de mais de 100 parlamentares, superando o limite imposto pelas regras do partido.
Sunak tem a seu favor o fato de ser uma figura da ortodoxia orçamental. Mas o seu principal trunfo na sucessão é ter dito antecipadamente que as reduções de impostos propostas por Truss minariam a confiança dos mercados no Reino Unido e criariam um cenário de caos.
Truss enfrentou duras críticas principalmente por anunciar um pacote econômico focado na redução de impostos, que afundou a libra e fez os índices de aprovação dela e os do Partido Conservador despencarem.
Sunak tem, porém, uma grande desvantagem: muitos membros do Partido Conservador não o perdoam por ter deixado o governo de Johnson em julho passado. A saída dele deu início a uma onda de renúncias de ministros, o que precipitou a queda do então premiê.
Filho de pais indianos com formação de elite na escola particular Winchester College e em Oxford, Sunak foi derrotado na votação que elegeu Truss, ao receber 60.399 votos contra 81.326 de sua adversária.
A votação para decidir quem será o novo primeiro-ministro britânico está marcada para o dia 28 de outubro.
rc (AP, Reuters)
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