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O chefe do Grupo Wagner foi visto em público pela última vez na noite de sábado, enquanto deixava Rostov após ordenar que seus homens se retirassem da cidade russaPresidente belarusso anuncia chegada de Yevgeny Prigozhin e diz que ele e seus combatentes são bem-vindos para ficar "por algum tempo" às próprias custas, sugerindo que o prometido exílio pode ser temporário.Belarus confirmou nesta terça-feira (27/06) a chegada ao país de Yevgeny Prigozhin, chefe da organização paramilitar privada russa Grupo Wagner, como parte de um acordo que pôs fim à rebelião liderada pelo líder mercenário contra Moscou no fim de semana.

O site de rastreamento de voos Flightradar24 mostrou um jato particular Embraer Legacy 600, que seria de Prigozhin, decolando cedo nesta terça-feira de Rostov, cidade no sul da Rússia que os combatentes do Grupo Wagner capturaram durante o motim. Mais tarde, o avião desceu para altitude de pouso perto da capital belarussa, Minsk.

"Vejo que Prigozhin já está voando neste avião", disse o presidente belarusso, Alexander Lukashenko, citado pela agência de notícias Belta. "Sim, de fato, ele está hoje em Belarus."

O chefe do Grupo Wagner foi visto em público pela última vez na noite de sábado, sorrindo e cumprimentando espectadores enquanto deixava Rostov após ordenar que seus homens se retirassem da cidade. Ele ainda não foi visto em público em Belarus.

Nesta terça, Lukashenko, que mediou o acordo entre o governo russo e o Grupo Wagner para dar fim à rebelião, afirmou que Prigozhin e seus soldados são bem-vindos para ficar "por algum tempo" em Belarus às suas próprias custas – sugerindo que o exílio prometido pode ser apenas temporário.

Milícia "totalmente financiada" por Moscou

O Ministério da Defesa da Rússia, principal alvo das críticas dos mercenários, anunciou que estão em andamento os preparativos para que o Grupo Wagner entregue suas armas pesadas aos militares russos.

A medida parece destinada a neutralizar a organização paramilitar, que até então agia por instruções do Kremlin na Ucrânia, na Síria e em vários países africanos.

Embora as autoridades russas muitas vezes neguem ligações com o Wagner, o presidente Vladimir Putin afirmou nesta terça-feira que o grupo paramilitar privado era "totalmente financiado" pelo Estado russo, tendo recebido mais de 1 bilhão de dólares no ano passado. Putin vem denunciando o motim como um ato de "traição" de Prigozhin.

Já Lukashenko, em uma crítica velada ao presidente russo, disse que a rebelião é resultado da má administração das rivalidades entre o Grupo Wagner e os militares russos, que vêm crescendo desde o início do conflito na Ucrânia. "A situação saiu do controle", disse o líder belarusso.

Também nesta terça-feira, autoridades russas disseram que encerraram uma investigação criminal sobre o motim, e garantiram que Prigozhin e seus combatentes não serão processados – cumprindo assim mais uma condição do acordo negociado no fim de semana.

Insurreição de curta duração

A extraordinária sequência de eventos no sábado foi vista internacionalmente como a crise de segurança mais séria da Rússia em décadas. Naquele dia, Prigozhin ordenou que suas forças marchassem em direção à capital russa e convocou uma rebelião armada para derrubar a liderança militar da Rússia.

Os combatentes mercenários ocuparam instalações militares importantes na cidade de Rostov, que serve de centro logístico para o Exército russo e sua invasão da Ucrânia.

Em resposta, os militares russos reforçaram as defesas de Moscou, com Putin prometendo duras consequências para a traição de Prigozhin. Mas, horas depois, o Kremlin anunciou que Prigozhin havia concordado com um acordo para partir para a vizinha Belarus, e que as acusações contra o chefe miliciano seriam retiradas. As forças do Grupo Wagner então deixaram Rostov.

Em um áudio divulgado na segunda-feira no Telegram, Prigozhin disse que a organização paramilitar nunca teve a intenção de derrubar o governo russo, e sim expor as falhas da liderança militar do país e salvar sua própria existência.

ek (AFP, Reuters, Efe, AP)