Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Das 2.000 pessoas ouvidas na pesquisa, 79% concordaram que a abordagem policial é baseada na cor da pele, tipo de cabelo e tipo de vestimentaPesquisa mostra que 81% concordam que Brasil é um país racista e 51% dizem já ter testemunhado ataques de racismo. Porém apenas 11% admitem ter atitudes ou práticas racistas.Mais da metade dos brasileiros já presenciaram alguém sofrendo um ataque racista, 81% concordam totalmente ou em parte que o Brasil é um país racista, e 79% dizem que a abordagem policial no país é baseada na cor da pele. Por outro lado, apenas 11% dos brasileiros admitem que têm atitudes racistas. Esses dados constam em uma pesquisa realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), sob encomenda do Instituto de Referência Negra Peregum e do Projeto Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista (Seta).

Segundo o levantamento, que foi divulgado na quarta-feira (26/07), a avaliação de que pessoas pretas são as que mais sofrem com o racismo é quase unanimidade entre os brasileiros, com 96% compartilhando dessa visão. Em segundo e terceiro lugares, aparecem os indígenas e os imigrantes africanos, respectivamente, com 57% e 38%. Há também uma maioria expressiva, de 88%, que concorda que essa parcela da população negra é mais criminalizada do que os brancos.

Ainda de acordo com o estudo, seis em cada dez pessoas (60%) consideram, sem nenhuma ressalva, que o Brasil é um país racista. Outros 21% concordam em parte com essa visão.

Os marcadores sociais de raça, cor e etnia são considerados os principais aspectos que explicam as desigualdades para 44% dos brasileiros, e 65% da amostra concorda totalmente (57%) ou em parte (8%) com a criminalização do racismo no país.

Das 2.000 pessoas ouvidas na pesquisa, 79% concordaram que a abordagem policial é baseada na cor da pele, tipo de cabelo e tipo de vestimenta, sendo que 63% das pessoas ouvidas concordam totalmente com essa afirmação e 16% apenas parcialmente. Um total de 84% concorda que pessoas brancas e negras recebem tratamentos diferentes por parte da polícia, sendo que 71% concordam totalmente e 13% em parte.

O estudo tem abrangência nacional e compreendeu 127 municípios das cinco regiões do país. As entrevistas com os participantes foram feitas ao longo do mês de abril. O intervalo de confiabilidade da pesquisa é de 95% e a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Paradoxo

Mais da metade (51%) dos entrevistados na pesquisa declarou já ter presenciado ataques racistas. Violência verbal foi o ataque mais citado (66%), seguido de tratamento desigual (42%) e violência física (39%). E 17% dos entrevistados disseram ter sido alvo de ataques.

Apesar de a maioria dos entrevistados reconhecerem a prevalência do racismo no Brasil, o levantamento também mostra paradoxos. Apenas 11% das pessoas ouvidas reconheceram cometer atitudes racistas, 10% afirmaram trabalhar em instituições racistas e apenas 12% apontaram familiares como os agentes que praticam racismo. A maior proporção diz respeito aos respondentes que dizem conviver com as vítimas de racismo, de 46%.

Em 2022, outra pesquisa Ipec já havia apontado uma contradição semelhante no tema da violência doméstica. Nesse levantamento, 50% dos entrevistados afirmaram conhecer pessoalmente alguma mulher que sofre ou já sofreu algum tipo de agressão por parte do atual ou do antigo companheiro. Porém, apenas 6% dos homens entrevistados admitiram já terem cometido alguma violência doméstica.

"O que aparece aqui é que os brasileiros são incapazes de reconhecer como o racismo se materializa na rotina, no dia a dia, que é uma dimensão individual, e também nos espaços em que circulam, tanto públicos como privados, que têm uma dimensão coletiva", observa o coordenador de projetos do Instituto de Referência Negra Peregum, Márcio Black.

"O movimento negro denuncia há décadas o mito de que a democracia é igual para todos no Brasil, principalmente para jovens entre 16 e 24 anos, faixa etária mais impactada pelo racismo. O próximo passo é avançar na qualificação desse debate, pois, como já dizia [a ativista negra] Lélia Gonzalez, o racismo no Brasil é profundamente disfarçado."

jps (ots, Agência Brasil)