A Polícia Federal (PF) vai pedir para a Argentina a extradição de bolsonaristas envolvidos no ataque golpista de 8 de janeiro de 2023 que fugiram para o país vizinho. Investigações no âmbito da operação Lesa Pátria apontam que pelo menos 65 foragidos se encontram em solo argentino.
"Vamos listar todos os condenados que possivelmente estejam na Argentina e encaminhar os pedidos de extradição, tudo em articulação com o Ministério de Relações Exteriores e Supremo Tribunal Federal", disse o diretor-geral da PF, Andrei Passos, ao site G1.
Em maio, uma reportagem do portal Uol mostrou que vários condenados e investigados pelo ato golpista haviam quebrado suas tornozeleiras eletrônicas ou desrespeitado outras medidas cautelares e fugido para a Argentina ou para o Uruguai.
No entanto, segundo o G1, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda está analisando qual pode ser a reação do governo do presidente argentino Javier Milei – ideologicamente próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro – quando os pedidos foram entregues.
A preocupação da PF é que o governo argentino possa aceitar pedidos de asilo político já solicitados ou que ainda podem ser feitos pelos foragidos.
Na quinta-feira, a Polícia Federal deflagrou uma operação para capturar 208 foragidos suspeitos, denunciados ou condenados pelo ataque golpista de 8 de janeiro de 2023 – quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas por uma turba de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
As medidas judiciais foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e foram cumpridas em 18 estados e no Distrito Federal, que incluíram a captura de investigados e condenados e a imposição de ordens como recolocação de tornozeleiras eletrônicas.
As diligências ocorreram no âmbito da Operação Lesa Pátria, que desde o ano passado apura os responsáveis e executores pelos ataques e já teve 27 fases.
Tentativa de golpe em Brasília
Em 8 de janeiro de 2023, extremistas bolsonaristas que não aceitavam o resultado das eleições invadiram o Congresso Nacional, a sede do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto em Brasília.
Os golpistas, que estavam concentrados há semanas em frente ao Quartel-General do Exército, invadiram primeiro a sede do Congresso Nacional e depois se dirigiram para as sedes dos outros Poderes, deixando um rastro de destruição.
Imagens transmitidas pelos próprios golpistas mostram os invasores circulando livremente e cometendo atos de vandalismo e depredação dentro dos edifícios, incluindo o plenário do STF. O prejuízo causado pelos extremistas é calculado em R$ 26,2 milhões.
A invasão ocorreu uma semana após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e já havia sido antecedida por outras ações violentas de bolsonaristas, como uma tentativa de invasão da sede da Polícia Federal em dezembro e bloqueios em rodovias federais logo após o segundo turno no final de outubro.
Um dia após a invasão, a Polícia Federal prendeu centenas de golpistas que estavam acampados em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília.
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