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O mais recente lançamento do projeto Brasil em Concerto é uma exceção na vida deste inédito, corajoso e fundamental projeto nascido nos estertores do governo Temer, em 2018. Concebido e “costurado” por Gustavo de Sá, do Itamaraty, deverá continuar sua trajetória firme e forte até 2023. Mas já se pode afirmar com segurança que ele mudou o modo como a cena internacional e mesmo nós, brasileiros, vemos a música brasileira orquestral – sobretudo aquela pré-Villa-Lobos. Toda vez que comento um lançamento deste projeto, aplaudo esta iniciativa, que inclui o registro, edição de partituras e performances de padrão internacional de cerca de uma centena de obras sinfônicas e concertantes. Distribuídos internacionalmente pela Naxos, e no Brasil pelo Selo Clássicos, os álbuns são constante fonte de descobertas e reavaliações da qualidade da nossa produção musical, sobretudo no século 19.
Além das três orquestras brasileiras encarregadas da maior parte das gravações -- as Filarmônicas de Goiás e de Minas Gerais e a Osesp --, participam grupos de outros países. Como a Orquestra de Câmara Inglesa, ou English Chamber Orchestra, regida pelo maestro britânico Neil Thomson, que vem realizando um trabalho admirável com a Filarmônica de Goiás. Pois ele revisita algumas obras muito conhecidas para orquestra de câmara do nosso repertório.
É o caso de peças como a “Sonata para Cordas – Burrico de Pau”, obra de Carlos Gomes do final de sua vida, na década de 1890, e dedicada a seu irmão; e da “Suíte Antiga” de Alberto Nepomuceno, duas das obras mais gravadas e tocadas modernamente. Mas não é o caso de Francisco Braga e Leopoldo Miguez, dois compositores que têm merecido pouca ou quase nenhuma atenção modernamente.
Miguez e Braga, como Nepomuceno e Carlos Gomes, também estudaram na Europa, e atuaram decisivamente na vida musical brasileira. Em 1902, por exemplo, Braga sucedeu a Miguez, que morrera neste ano, na direção do Instituto Nacional de Música, no Rio de Janeiro.
A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.
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