Fundação Padre Anchieta

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Reprodução da Internet.
Reprodução da Internet. Yulianna Avdeeva

Ouça o álbum completo: 


A pianista russa Yulianna Avdeeva nasceu em 1985 e já aos 5 anos começou a estudar piano na Escola Gnessin, em Moscou. Formou-se em Zurique e tornou-se assistente de seu professor Konstantin Sherbakov. O passaporte para uma carreira sólida aconteceu em 2010, quando ela venceu o Concurso Chopin de Varsóvia, um dos mais cobiçados do planeta. 

Hoje com 37 anos, carreira superconsolidada, ela acaba de lançar o álbum “Resiliência” – traduzo o título do CD do selo Pentatone, O conceito do CD nasceu em 2020 quando a família de Władysław Szpilman convidou-a para tocar no piano da casa do pianista que se tornou mundialmente conhecido graças ao filme de Roman Polanski, “O Pianista”, de 2002.

Szpilman nasceu em 1912, de pais judeus poloneses. Foi aluno de Arthur Schnabel, um dos maiores pianistas do século 20, e começava uma promissora carreira quando os nazistas invadiram a Polônia. Em setembro de 1939, quando Szpilman tocava para a rádio polonesa o “Noturno em dó sustenido menor” de Chopin, uma bomba alemã silenciou a emissora. Durante três anos, ele sobreviveu com a família no gueto. Em agosto de 1942, seus parentes próximos foram deportados, mas um policial melômano o retirou do comboio da morte no último momento. Szpilman escondeu-se por dois anos. Em 1945, o fim da Guerra levou à reabertura das transmissões da Rádio Polônia. Szpilman, então, interpretou o Noturno que deixara inacabado seis anos antes. No ano seguinte, ele publicou um livro narrando detalhes sobre como conseguiu sobreviver durante a guerra – o que lhe valeu o apelido de “Robinson de Varsóvia”. Szpilman dirigiu a Rádio Nacional da Polônia e prosseguiu sua carreira de compositor e pianista. Morreu em Varsóvia em 6 de julho de 2000, aos 88 anos. Impactado com o livro, o cineasta Roman Polanski realizou “O Pianista”, em 2002.

Yulianna abre o álbum tocando duas composições de Szpilman: “Mazurca” e a suíte “A Vida das Máquinas”. E completa o álbum com obras bastante significativas e interligadas a tudo que contei sobre Szpilman até agora. Como a sonata no. 1, opus 12, de Dmitri Shostakovich (19-6-1975), a sonata no. 4 do judeu polonês Mieczyslaw Weinberg (1919-1996) e a sonata no. 8 de Sergei Prokofiev (1891-1953), Shostakovich compôs sua primeira sonata em 1926, quando, aos 20 anos, desfrutava de inteira liberdade criativa, um momento de sonho do qual despertou para uma cruel repressão estética comandada por Stálin a partir de 1930; Prokofiev escreveu sua oitava sonata durante a segunda guerra mundial, um momento em que até o regime despótico de Stálin parecia bom; e Weinberg compôs sua quarta sonata em 1955 – sete anos antes, em 1948, teve suas obras proibidas na União Soviética por não seguir a cartilha estética do realismo socialista.

É, portanto, um álbum muito significativo, um termômetro das atrocidades totalitárias que estes compositores todos sofreram por simplesmente exercerem suas liberdades criativas.