Ouça o álbum completo:

O CD desta semana é o álbum “Overture”, de Felipe Senna, paulistano de 45 anos, compositor premiado na Bienal de Música Brasileira Contemporânea e no Concurso de Composição Camargo Guarnieri. Suas obras têm sido executadas por orquestras e grupos na Europa e Estados Unidos.

Além disso, Senna é um compositor voltado para o chamado Brasil profundo. Em 2017, ele fundou o Câmaranóva, em que combina o refinamento da escrita dita erudita e ao mesmo tempo banha-se nas admiráveis águas das músicas brasileiras, do folclore às características muito nossas de música instrumental. Somente um arranjador de mão cheia, combinado com sua expertise na composição, poderia conceber e gravar o álbum “Overture”, que saiu há pouco pelo selo Maritaca.

Ele compôs e pilota o piano e lidera um grupo de flautas, saxofones, fagote, trompete, flugelhorn, trombone, trompa e até dois eufônios no mundo dos sopros, além das cordas: cinco violinos, duas violas e cello e percussão.

No encarte, ele esclarece que colocou o título geral de “Overture” como “símbolo de uma campanha para a abertura de novos caminhos na música de concerto do nosso país, caminhos que reconhecem e valorizam a produção contemporânea brasileira”.

Resumindo: estamos diante de um admirável “concerto popular”, em que a música de concerto não só conversa, mas se casa com as músicas populares. Em suas palavras, Senna põe no mesmo palco a música brasileira, sinfônica e camerística pra conversarem num papo animado e deslumbrantemente nosso.

Entre a “Overture”, 31 músicos entre os melhores brasileiros em seus instrumentos, brilham da primeira faixa, à última, a nona, intitulada “Jeu no. 5”. Entre elas, duas obras encorpadas, a “Danza no. 2” e as deliciosas “Lendas” que começam com o Saci e terminam com a mula-sem-cabeça.