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Foto: Reprodução Laurindo de Almeida

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Laurindo de Almeida foi um dos poucos contemporâneos de Segovia cuja carreira musical nas décadas de 1950 e 1960 foi ativamente sustentada por uma grande gravadora norte-americana, no caso, a Capitol Records. Isso lhe permitiu oferecer uma alternativa ao virtual monopólio de Segovia sobre o violão em disco e conquistar um alcance global que o tornou o primeiro violonista clássico brasileiro a se tornar internacionalmente conhecido pelo consumidor em geral de gravações de violão clássico. A abertura eclética e tipicamente brasileira de Almeida em relação às fronteiras entre estilos musicais também pode ser considerada um desafio importante à noção do que constituía um repertório clássico tal como Segovia o havia definido.

Assim começa uma biografia norte-americana de Laurindo de Almeida. Ele morreu trinta anos atrás, no dia 26 de julho de 1995. Imensamente popular internacionalmente, com seu método de violão disseminado por vários países, sobretudo os Estados Unidos, onde reinou absoluto por praticamente quatro décadas. E em todos os gêneros musicais, da música popular brasileira ao jazz, da música de cinema às salas de concerto.

Como escreve Alexandre Francischini, autor do mais minucioso livro sobre o músico múltiplo, ele “figura entre os grandes músicos da chamada ‘Era de Ouro” da música popular brasileira. Teve vasta atuação em rádios no Brasil. Nos EUA, construiu sólida carreira em três frentes de trabalho: no violão popular, no violão de concerto, e como multi-instrumentista de cordas em performances para trilhas sonoras em filmes hollywoodianos”. Foi indicado 16 vezes e ganhou 5 Grammy e um Oscar.

É inacreditável que Laurindo seja tão pouco conhecido aqui, no país em que nasceu, enquanto internacionalmente permanece um músico muito conhecido e escutado. Só no Spotify, Laurindo tem hoje, trinta anos após sua morte, mais de 820 mil seguidores.

Nos catorze anos entre 1934 e 1947, ainda no Brasil, fez uma carreira vertiginosa: conheceu Garoto aos 15 anos, em 1932 – e até a partida para os EUA, eles formaram uma parceria perfeita, em São Paulo e depois no Rio de Janeiro.

Resumindo: ele tocou com todo mundo, de Pixinguinha a Luiz Americano e João da Baiana. Acompanhou Orlando Silva, Aracy de Almeida, Dorival Caymmi e Carmen Miranda. Embarcou em 1947 para os Estados Unidos, depois de mais de 30 discos gravados no Brasil, e sua carreira decolou definitivamente. Tocou na big band de Stan Kenton, e também com Henry Mancini, Dimitri Tionkim, Alex North e John Williams.

Remeto vocês ao livro de Alexandre Francischini “Laurindo Almeida: dos trilhos de Miracatu às trilhas em Hollywood”, editora da Unesp, 2010. É maravilhosa a aventura de Laurindo no mundo do jazz – ele tocou com o Modern Jazz Quartet, com os músicos do movimento “west coast” que praticaram embrionariamente o que mais tarde seria a bossa nova nas areias cariocas. Ele gravou um álbum em 1953 com feras como Bud Shank e Shelly Mane que antecipou a bossa nova – algo que jamais se aceitou por aqui. Inexplicavelmente.

O CD desta semana mostra o lado clássico de Laurindo. “The Art of Laurindo de Almeida” é uma degustação de seu talento como violonista clássico.