Fundação Padre Anchieta

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BELÉM (PA) - A seca severa que assola Altamira, cidade localizada no Sudoeste do Pará, tem provocado dificuldades para as comunidades ribeirinhas e indígenas que dependem dos rios para locomoção e sobrevivência. Joelmir Silva, 31 anos, ativista e morador da Comunidade Maribel, no Rio Iriri, descreveu à CENARIUM a situação com preocupação: “A seca traz um transtorno muito grande para nós, que moramos em comunidades tradicionais”.

Joelmir vive em uma região a cerca de 300 quilômetros de Altamira, acessada principalmente por vias fluviais. A seca, no entanto, fez com que o transporte pelos rios se tornasse impraticável. “A gente se locomove mais por barco, voadeira, mas com a seca do rio isso dificulta nossa ida para a comunidade e a vinda para Altamira. E com isso também não conseguimos escoar os produtos como o peixe, a castanha-do-Pará e a borracha”, explica ele.

Para muitas famílias, a venda desses produtos é a principal fonte de renda, mas o cenário atual está comprometendo essa subsistência. “Temos estoques nas comunidades, mas como não conseguimos escoar, às vezes acabamos vendendo para quem vai até lá, mas por um preço muito baixo, porque não tem outra saída”, conta Joelmir, evidenciando o impacto econômico da seca.

Joelmir destaca a situação da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, onde os ribeirinhos estão “andando mais por terra do que pelo rio”, pois o leito secou completamente. A pesca, que é a principal base alimentar da população, também foi gravemente afetada. “O peixe está morrendo ou fugindo para locais mais fundos. Isso impacta nossa alimentação e, claro, nossa sobrevivência”.

Impactos na saúde

Além das dificuldades econômicas, o acesso à saúde também foi gravemente prejudicado. “Muitas pessoas são hipertensas, têm doenças crônicas e precisam vir para a cidade fazer exames. Mas, com a seca, não conseguem sair das comunidades. Temos casos de urgência e emergência, como mulheres grávidas, que não conseguem chegar ao posto de saúde porque as embarcações pequenas não estão mais transitando”, lamenta.

As dificuldades não param por aí. Com a seca, muitas famílias também perderam benefícios sociais como o Bolsa Família e o Bolsa Verde, pois não conseguiram se deslocar até a cidade para atualizar seus cadastros. “A gente está preso nas comunidades”, desabafa Joelmir.

A seca não só afeta a mobilidade e a economia local, mas também o meio ambiente. Segundo o ativista, o clima extremo tem destruído plantações e favorecido queimadas ilegais ao redor das comunidades. “As plantações estão morrendo e as queimadas ao redor agravam ainda mais a nossa situação. Para nós, é um impacto muito grande, estamos sofrendo muito”, afirma.

Situação de emergência

Diante dessa realidade, a Prefeitura de Altamira decretou situação de emergência, em 18 de outubro, abrangendo distritos como Cachoeira da Serra e Castelo dos Sonhos, além de diversos bairros da sede municipal. O decreto visa agilizar a captação de recursos estaduais e federais para minimizar os danos da estiagem, que já afeta diretamente cerca de 18 mil pessoas.

Para Joelmir e outros moradores das comunidades ribeirinhas, no entanto, a recuperação ainda parece distante. “A gente precisa de ajuda, mas o socorro demora. E enquanto isso, nosso modo de vida vai se deteriorando, dia após dia”, conclui o ativista.