Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Reprodução/Facebook Martinho da Vila
Reprodução/Facebook Martinho da Vila

O cantor Martinho da Vila lançou nesta última quinta-feira (10) seu mais recente álbum, o “Mistura Homogênea”. Com participações especiais de Zeca Pagodinho, rabino Nilton Bonder, Djonga, Hamilton de Hollanda, Teresa Cristina, Xande de Pilares, Mart’nália e Carlinhos Brown, um dos principais compositores do Brasil faz uma união de gêneros em um disco só.

Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, Martinho contou como foi o processo de produção desse álbum e qual a mensagem que pretende passar com esse novo trabalho.

“Nesse período de pandemia, ficamos muito tempo em casa. Então, escrevi muitas coisas, vi muitas letras de músicas incompletas e fui mexendo em alguns rascunhos. Nesse tempo, gravei uma música com a Teresa Cristina, a Unidos e Misturados. E eu ouvi essa canção e pensei: ‘com essa música, dá para fazer um disco com esse conceito, conceito de misturar tudo”, explicou.

Além do conceito de misturar diversos estilos de música, o título do álbum também faz referência ao passado de Martinho, que fez curso de auxiliar de química industrial no Senai na adolescência. Mas brincou sobre o assunto: “não lembro mais de nada”, contou aos risos.

Leia mais: Cripta Djan apresenta exposição “Criptografia Urbana” na galeria Alma da Rua

Com o conceito o escolhido, Martinho revelou quais misturas quis fazer para esse novo projeto. “Quando comecei a fazer, pensei comigo mesmo: ‘esse disco tem que ter um partido alto’. Mas quando faz muitas músicas nesse estilo, elas ficam muito parecidas. Então precisava de algo diferente. Então, pensei que, ao invés dos versos serem cantados, eles serem falados. Nessa aí, já chamei Zeca Pagodinho e o Xande de Pilares, meus camaradas, e gravamos a Vocabulário de um Partideiro”, revelou.

Esse foi só o início. Na canção “Dois Amores”, que conta com a participação de Hamilton de Holanda e a escritora moçambicana Paulina Chiziane, a poesia é elemento fundamental. Já em “Era de Aquarius”, uma parceria com Djonga, incorpora o rap e elementos modernos do hip-hop.

Em “Semba Africano”, há a união entre a canção angolana “Muadiakime” com “Semba dos ancestrais”, antiga parceria do cantor com a violonista Rosinha de Valença. A música conta com a participação a filha de Martinho, Alegria Ferreira, que faz sua estreia como cantora.

Para fechar o disco, “Canta, Canta, Minha Gente! A Vila é de Martinho”, o samba-enredo da Vila Isabel para o carnaval de 2022, em homenagem ao compositor.

Mistura popular

O novo projeto não é só uma referência ao passado de Martinho ou de estilos músicas. Há mais profundidade. É uma mistura de todos os tipos de pessoas.

“A mistura é a solução. Na minha família, os Ferreira, tem umbandista, candomblecista, evangélico, católico… A gente se reúne todo ano. Cada um leva uma comida, a gente bebe, come, canta, reza. Todo mundo junto. Manda um cântico protestante depois da umbanda, é assim que tem que ser”, disse.

Leia também: Lollapalooza Brasil divulga horários dos shows dos três dias de festival

As duas músicas que representam essa mistura de pessoas é “Vidas Negras Importam”, parceria com Nota da Portela, canção que chama pela igualdade de raças. Outra é “Oração Alegre”, que une o pastor Henrique Vieira, o rabino Nilton Bonder e o líder muçulmano César Kaab Abdul, além do próprio Martinho, com mensagens de harmonia religiosa.

“A música é uma forma das pessoas diminuírem a resistência e aumentarem o respeito de uma religião com outra. Mas quem faz arte, não pode pensar muito nessas coisas para não virar um panfleto. Eu penso primeiro em arte e música. Elas também podem ter essa função. A música participou de todos os movimentos que mudaram o mundo”, disse.

Último álbum

O “Mistura Homogênea” pode se tornar um projeto histórico. Provavelmente, esse é o último disco da carreira de Martinho. Mas não há razões para ficar triste. Ele revelou que ainda não está pronto para parar e continuará lançando singles.

“Dado o atual momento, que se grava só uma música ou um EP e coloca no ar, eu penso em seguir nesse caminho. Eu gostava mais antigamente, quando se lançava o álbum físico. Não sou muito saudosista, mas tenho saudade do LP. Era tão bom. Além das músicas, você tinha o encarte, as artes gráficas, explicações sobre as músicas. Era uma coisa muito interessante”, afirmou.

Apresentações

Após o lançamento do álbum, a ideia é fazer algumas apresentações. A estreia será no Rio de Janeiro, com uma apresentação única em abril. Logo em seguida, no mês de maio, ele viaja para a Europa para uma série de shows.

“Mistura Homogênea” já está disponível em mídia física e em todas as plataformas digitais.