Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha, teria completado 80 anos na última segunda-feira (22).

Filho de Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”, e de Odaleia, o artista construiu uma trajetória marcada por intensidade, poesia e enfrentamento às adversidades, consolidando-se como um dos principais compositores da Música Popular Brasileira (MPB).

Nascido no Rio de Janeiro em 22 de setembro de 1945, foi criado no Morro do São Carlos, no coração da capital fluminense. Em 1990, participou do programa Ensaio, da TV Cultura, onde compartilhou lembranças e reflexões sobre infância, arte e censura. “Eu aprendi que já tava ali na minha frente o tempo todo, logo eu, né, filho de Luiz Gonzaga, filho de Odaleia”, disse, lembrando como demorou a reconhecer a grandeza dos músicos que sempre estiveram ao seu redor.

Ouça "Com a Perna no Mundo", por Gonzaguinha:

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Ainda sobre o período formativo, destacou os aprendizados que o acompanharam ao longo da carreira: “Me ensinaram a ter paciência para chegar onde a gente quer, me ensinaram a não deixar nunca de sonhar com as coisas e acreditar nas pessoas".

Durante a entrevista, Gonzaguinha também comentou as dificuldades enfrentadas pelos artistas em tempos de censura. “A gente batalhava por aquilo que a gente acreditava, a gente lutava por aquilo que a gente acreditava, e evidentemente, a gente tinha uma série de problemas”, recordou. Em tom irônico, completou: “Os critérios que passam pela cabeça de uma pessoa que assume essa postura [de censora] eu só lembro coisas engraçadas". 

Ouça "Sangrando", por Gonzaguinha:

Entre reflexões e versos, resumiu sua trajetória com a frase que também batiza uma de suas canções mais conhecidas: “Minha vida é andar por esse país”. E, olhando para o futuro, deixou registrado o desejo de transformação social: “A gente continua, na verdade, lutando no dia a dia por uma qualidade melhor de vida, por um relacionamento melhor entre as pessoas para acabar com esses desequilíbrios sociais". 

A carreira de Gonzaguinha foi interrompida precocemente em 29 de abril de 1991, quando o cantor morreu em um acidente automobilístico no Paraná, aos 45 anos. Ele seguia para Foz do Iguaçu, de onde viajaria a Florianópolis para realizar um show.

Três décadas após sua partida, e no ano em que completaria 80 anos, suas canções e depoimentos seguem vivos como testemunho de uma geração que fez da música um instrumento de luta, esperança e poesia. Ele deixou um legado de mais de 70 composições, incluindo clássicos como "O que é, o que é?", "Começaria tudo outra vez" e "Explode coração".

Ouça "Ponto de Interrogação", por Gonzaguinha:

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