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Divulgação Até um passado recente, esportistas que denunciaram racismo foram jogados ao ostracismo

Na quarta-feira (26), o mundo do esporte foi surpreendido com a decisão dos jogadores do Milwaulkee Bucks de não entrar em quadra. Os Bucks enfrentariam o Orlando Magic, pelo jogo cinco dos playoffs da NBA, mas, como forma de protesto ao caso de Jacob Blake - alvejado sete vezes nas costas pela polícia de Kenosha, no Winsconsin - os atletas boicotaram a partida. 

A atitude foi enaltecida por grandes personalidades de dentro e fora do esporte, e levou inclusive a própria NBA a suspender as demais partidas dos playoffs de quarta-feira. 

A tenista Naomi Osaka, que disputaria a semifinal do WTA de Cincinnati, que estava marcada para esta quinta-feira (27), nos Estados Unidos, anunciou que não entrará em quadra também em protesto a injustiça e violência racial.

No entanto, o mundo do esportes, até um passado relativamente recente, não enxergava protestos de jogadores com bons olhos. Não são poucos os casos de atletas que se posicionaram contra o racismo e a violência policial e foram colocados de lado, jogados ao ostracismo.

Lembre casos de atletas que se posicionaram contra o racismo e foram boicotados pelo esporte:

Aranha

O ex-goleiro foi protagonista de um dos mais famosos casos de racismo do esporte brasileiro. Em 2014, o arqueiro defendia as cores do Santos em uma partida contra o Grêmio, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, pela Copa do Brasil daquele ano. O jogo foi marcado por diversos gritos e ofensas racistas - flagrados pela transmissão - direcionadas ao goleiro, que reagiu. 

Depois do ocorrido a vida e a carreira de Aranha não foi mais a mesma. Ele contou em entrevista neste ano que passou a ser visto como "encrenqueiro". Ele diz que todo time que o contrataria sabia que se acontecesse alguma coisa, ele teria que se posicionar e faria isso vestindo a camisa do clube. "Nem todo diretor está disposto a abraçar isso", desabafou no programa Troca de Passes, do Sportv. 

Craig Hodges

Campeão com o Chicago Bulls nos dois primeiros títulos da NBA -  dos históricos seis - Hodges era um atleta de enorme consciência política e que enxergava em esportistas de alto rendimento a oportunidade de jogar a luz a problemas da sociedade. 

Em 1991, a agressão ao motorista negro Rodney King por policiais brancos de Los Angeles desencadeou uma série de protestos nos Estados Unidos. Foi aí que Hodges viu uma chance de agir. Ele tentou, sem sucesso, convencer Michael Jordan (Bulls) e Magic Johnson (Lakers) a boicotarem as finais daquele ano em protesto ao espancamento de King. Em 1992, Hodges criticou publicamente Jordan pelo silêncio sobre racismo na NBA.

Depois do caso, a carreira de Hodges foi enterrada. Ele foi dispensado do Chicago Bulls e não foi contratado por nenhum time depois disso, apesar de ser experiente e habilidoso. 

Colin Kaepernick

O ex-quarterback do San Francisco 49ers foi protagonista de um momento histórico da luta antiracista norte-americana. Em 2016, após uma sequência de assassinatos de cidadãos negros, em geral por violência policial, Colin Kaepernick ficou ajoelhado durante o hino nacional e se recusou a cantá-lo. Outros atletas foram inspirados pela atitude do jogador, mas as consequências pesaram, em maior escala, na carreira de Kaepernick.

Depois que seu contrato com o San Francisco terminou, o atleta nunca mais conseguiu se recolocar na NFL. O jogador até chegou a processar a liga, por entender que donos de outras franquias, ao lado da NFL, minaram a carreira dele e lhe fecharam portas. Inclusive, um dos grandes 'desafetos' de Kaepernick é o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. 

Márcio Chagas da Silva

Saindo um pouco dos atletas, Márcio Chagas da Silva era árbitro de futebol e viveu momentos complicados e dolorosos durante sua carreira. O juiz é do Rio Grande do Sul e sofria com ataques racistas de forma constante. Ele conta que o pior episódio de racismo que sofreu foi num jogo do Esportivo, em Bento Gonçalves. Desde o primeiro minuto ouviu ofensas e ao final também. Ao sair do vestiário em direção ao seu carro, encontrou o veículo com as portas amassadas. Quando tentou dar partida, o carro engasgou duas vezes. Na terceira, duas bananas saíram do escapamento. 

Após o ocorrido, Márcio Chagas da Silva procurou a imprensa. O presidente da Federação Gaúcha não gostou da repercussão negativa e disse que se o árbitro seguisse com a denúncia, sua carreira estaria em perigo. Foi aí que ele decidiu largar o apito.