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Felipe Oliveira/ Esporte Clube Bahia
Felipe Oliveira/ Esporte Clube Bahia

A principal novidade do futebol brasileiro em 2022 foi a Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Clubes com situações financeiras bastante complicadas, como Cruzeiro, Vasco e Botafogo, aderiram o modelo e buscam uma vida financeira mais saudável.

Mas afinal, o que significa SAF? É quando um clube de futebol opta por se transformar em uma empresa. Isso só foi possível no Brasil com a promulgação do projeto de lei 14.193/2021 em agosto do ano passado.

A partir do momento que o clube opta por essa mudança, ela deixa de ser uma associação sem fins lucrativos e passa a ser uma empresa com objetivo no lucro a partir do esporte.

Para essa mudança acontecer, o clube precisa cumprir algumas obrigações formais, como a adoção de medidas de gestão, transparência e responsabilidade.

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Uma pessoa que pensa no futebol de maneira mais organizada, com análise e mais profissionalismo, é Júnior Chávare, ex-dirigente do Grêmio, Atlético/MG, Bahia e São Paulo. Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, ele deu seu diagnóstico preliminar do novo modelo de gestão no futebol brasileiro.

“Podemos fazer duas analogias antes de entrar na essência. A primeira é um paciente em estado terminal e apareceu um remédio que pode ajudar. Não sei de vai funcionar, mas sei que se não tomar o remédio, o paciente morrerá. O segundo é caso de uma pessoa mais comedida que mexe com sistema operacional. Ela vai deixar os outros baixarem para ver se terá algum bug”, explicou.

Apesar de ver como algo positivo, Chávare teme que muitos clubes possam aderir a SAF apenas por “modismo” e permanecer com antigas crenças do futebol.

“A SAF pela SAF não é solução de nada. É preciso se organizar e se estruturar. Na minha época de analista, costumávamos falar que para quebrar uma empresa mal administrada, bastava automatizá-la. A SAF tem todas as condições de ser benéfica para o futebol brasileiro, mas os clubes precisam fazer a parte delas”, disse.

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Chávare é matemático de formação, trabalhou com tecnologia de informação por mais de 10 anos e entrou no mundo do futebol como hobby. Ele pegou suas experiências no mundo corporativo e usou nos clubes que trabalhou.

O primeiro trabalho de sucesso foi na Inter de Limeira, quando montou uma equipe sub-20 em apenas 45 dias e fez dela campeã estadual da categoria. A base desse time foi promovida para a equipe profissional e conseguiram o acesso da série A2 para a elite do futebol paulista em 2004.

Em sua passagem pelo Grêmio, ajudou a montar a espinha dorsal que foi campeã da Copa do Brasil em 2016 e da Libertadores em 2017. Ele teve atuação direta na subida de Luan, Arthur, Wallace e Jailson.

Por conta da sua experiência, ele pede cuidados e profissionais competentes para administrar as SAFs no Brasil. “Os clubes precisam listar todos os bônus e os ônus desse procedimento. Mais do que isso, saber quais deveres que o clube deve ter para passar a ter direitos dentro de um projeto desse. Se não deixar isso bem claro, muitos clubes vão entrar numa cortina de fumaça”, concluiu.