O Estação Livre desta semana mostrou que mesmo com a falta de incentivos do Estado e com as poucas oportunidades, a população periférica encontra alternativas para suprir suas necessidades e trazer renda para a comunidade.
O programa conversou com Wallace Martins, morador da Brasilândia que busca ganhar a vida no automobilismo, esporte predominado pela elite.
Com apenas 18 anos, Wallace já é conhecido como “Lewis Hamilton da favela”. Ele começou a pilotar aos dez anos de idade, de maneira despretensiosa, e aos 12 já era profissional.
“Iniciei no kart de shopping, não tinha ideia do que era e fui apenas para brincar. Eu sabia que tinha um caminho para a Fórmula 1, mas não sabia como chegar”, contou o piloto.
Quatro anos depois da profissionalização, veio a primeira conquista: campeão da Fórmula Vee Júnior, categoria que serve como trampolim para pilotos do kart que desejam seguir carreira no automobilismo. Atualmente, Wallace está na Fórmula Delta, ficando em terceiro lugar no campeonato em 2021, mesmo sem participar de todas as corridas.
Mesmo com a transição de categorias e o progresso na carreira, o esporte é caro e a luta para se manter é diária, como conta Maria Helena, mãe do piloto:
“No início, eu pagava uma corrida e ele ficava duas ou três sem correr. Com o passar dos anos, eu fui vendendo camisetas para ajudar na renda. Hoje, o Wallace tem o patrocínio da BRM1, que é um banco digital, porém não é o suficiente para mantê-lo na pista.”
Segundo Wallace, a verba ainda é o maior desafio para qualquer piloto brasileiro. “Toda vez que precisamos converter o patrocínio para dólar, nós ficamos muito desvalorizados”, disse.
Apesar das dificuldades, ele garante que não vai desistir.
“Meu grande objetivo é chegar na Fórmula 1. Eu sei que é muito difícil, mas quero tentar”, concluiu o piloto.
Veja a reportagem completa:
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Assista ao programa na íntegra:
O programa Estação Livre é apresentado pela jornalista e empreendedora Cris Guterres, considerada pela revista Forbes uma das criadoras de conteúdo mais inovadoras de 2020. Feita por uma maioria de mulheres pretas, a atração tem a missão de valorizar a cultura negra, a rica diversidade do Brasil e trazer a sociedade para repensar e ajudar a reconstruir um país mais justo para todos.
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