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Reprodução/Instagram @dougsilvapro
Reprodução/Instagram @dougsilvapro

Uma das grandes revelações do fisiculturismo nacional nos últimos tempos foi, sem dúvidas, Douglas Silva. Em junho, durante a Expo Super Show no Rio de Janeiro, o atleta conquistou seu pro card (‘cartão profissional’, honra concedida àqueles que conquistam o direito de competir dentro da liga profissional) ao vencer nomes como Vitor Porto e Alfy Polly na categoria Overall.

Apesar da grande conquista, não foi a disputa na liga amadora que fez o pedreiro de Curitiba (PR) ser um dos maiores destaques do Brasil. Ainda durante a Expo Super Show, ele estreou na liga profissional na categoria Open e ficou com a quinta colocação, atrás apenas de Vitor Boff, Wellington Nescau, William Martins e Bruno Santos.

Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, o fisiculturista conta sobre sua carreira, sua rotina, sua preparação, os problemas que enfrentou durante o período e seus planos para o futuro.

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Davi x Golias

Com apenas 1,60m e 79kg em cima do palco, Douglas é um dos mais novos brasileiros da 212 (categoria que contempla atletas de até 212 libras, equivalente a 96kg). No entanto, sua estreia na pro league aconteceu no dia seguinte à sua conquista do cartão profissional, na Open (categoria que, por não estabelecer um limite de peso, conta com os atletas maiores e mais pesados).

"Rolou esse friozinho na barriga. A gente enfrenta os caras com 30kg, 40kg a mais… Então tem que estar tudo certinho aí, na questão do condicionamento, proporção, para poder ter chance de bater esses ‘golias", conta o paranaense. Ele completa que "lá em cima passa tudo, você se sente um super-herói."

O atleta também explica que estrear em um campeonato no qual não existe pressão pelo título o ajudou a ficar calmo e dar um show para o público. "Pensei: ‘não posso ficar em último, mas a obrigação de ganhar eu também não tenho’. Não é a minha categoria, era minha estreia na pro league, não havia feito um off-season na carreira profissional, como eles que estavam ali, profissionais há anos", explica.

Para o fisiculturista, que alegou estar no line-up "a passeio", "foi uma grande surpresa quando os árbitros me chamando, posição por posição. Eu curti o momento, estava posando super bem, estava sem obrigação. Estava bem tranquilo."

Obstáculos na preparação

Apesar de reconhecer que “toda preparação tem seus altos e baixos” Douglas destaca que a preparação para o Eduardo Correa Classic 2022, competição amadora que aconteceu cerca de um mês antes da Expo Super Show, foi como “um divisor de águas”. “Precisava que alguém reconhecesse meu trabalho, precisava chegar impecável”, aponta.

O pedreiro caracteriza sua última preparação como a mais difícil de toda sua carreira. Logo no início, testou positivo para a Covid-19, o que o afastou dos treinos durante dias. Depois, passou pela situação "mais pesada de todas" ao ter sua casa invadida três vezes.

"Entraram aqui em casa, moro em uma região periférica de Curitiba. Levaram algumas coisas nossas e foi complicado, porque foram três vezes. Isso gerou medo aqui em casa durante a preparação", diz.

Os incidentes levaram o atleta a um nível de estresse que o impedia de dormir direito e descansar, o que é extremamente prejudicial não apenas para o esporte, mas para a saúde em geral. "Nessa época, qualquer barulho que eu escutava eu já achava que tinha alguém entrando em casa. Teve uns dois ou três finais de semana em que meus pais vieram passar aqui em casa. Eles ficavam na sala enquanto eu dormia. Eles faziam meio que uma ‘guarda’ para eu ter uma certa qualidade de sono", revela.

Pedreiro e atleta

Filho e neto de pedreiros, Douglas se orgulha da profissão e alega não gostar de "se vitimizar". Para ele, "realmente, é um pouco difícil, mas você consegue conciliar. Quem quer faz acontecer. Isso é um fato. Você se acostuma."

O atleta também aponta que qualquer profissão exige esforço: "Acredito que o cara que está oito horas por dia no escritório vai estar cansado também. Não pode arrumar desculpas, tem que arrumar solução."

Patrocínio e futuro no esporte

Recentemente, o fisiculturista conseguiu o patrocínio da empresa de suplementos Max Titanium. Com o incentivo, ele agora poderá se focar inteiramente no esporte, já que a exigência na liga profissional também é muito maior do que na amadora.

Mesmo com a ajuda "maravilhosa" agora que conquistou seu pro card, o atleta teve 13 anos de competições sem um patrocinador. A falta de incentivo, no entanto, nunca o abalou. "Fui levando, fui achando soluções. Sabia que, lá na frente, eu seria recompensado. Se está difícil, algo grande vai acontecer", conclui.

Douglas se encontra há quase dois anos sem descanso das preparações. Após estrear na 212 durante o Musclecontest Fitpira, que acontece em Piracibaca (SP) no mês de novembro, fará um off-season para evoluir seu físico e colocar músculos em pontos-chave. Ele conta que, após o próximo show, voltará a competir apenas em 2023.

Fá incondicional de nomes como Eduardo Correa e Fabrício Moreira, ele garante: "Vou trazer muitos resultados para o país."

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