Beth Gomes, de 58 anos, conseguiu mais uma marca histórica na sua carreira. A santista atingiu 7,75m no Mundial Paralímpico de Atletismo, quebrando o recorde mundial que era dela mesma, 7,16m, feito em junho, em competição em São Paulo.
A atleta do time São Paulo Paralímpico, que é um projeto que foi criado em parceria entre o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, é uma das grandes esperanças de medalhas para o Brasil nas Paralimpíadas de Paris, em 2024. Em entrevista ao site da TV Cultura, Beth Gomes contou um pouco de sua rica trajetória.
“Minha paixão pelo esporte começou aos 14 anos com o vôlei, onde fiz parte do time da cidade de Santos. Quando fui acometida pela deficiência, pensei que não poderia fazer mais nada. Mas o esporte paralímpico trouxe a minha vida de volta, me mostrou que eu poderia querer a vida e não a morte, elevou a minha autoestima”.
Em 1993, ela foi diagnosticada com esclerose múltipla, doença autoimune que atinge o sistema nervoso central, causando lesões cerebrais e na medula.
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No ano de 1996, Beth entrou para o Basquete em Cadeira de Rodas. E por lá, ela defendeu a seleção na Paralimpíada de Pequim, na China, em 2008.
“É o sonho de qualquer atleta chegar em uma Paralimpíada ou Olimpíada. Com a esclerose múltipla, eu achava que não poderia realizar mais esse sonho. Mas o universo conspirou a meu favor”, afirmou Elizabeth.
A esportista conta que foi um dos momentos mais emocionantes de sua vida, e chegou a se beliscar algumas vezes para ter certeza que era real: “A sensação da primeira vez nunca vai sair da minha mente e do meu corpo”.
Do Basquete de Rodas ao Atletismo
Elizabeth chegou a praticar as duas modalidades simultaneamente até optar pelas provas do atletismo em 2010. No entanto, a recordista mundial afirmou que a troca de esporte não estava em seus planos.
“Meu ex-treinador pediu para que eu participasse das provas de atletismo nos jogos abertos e regionais, para trazer mais medalhas para a cidade de Santos”.
A santista não se intimidou e começou a treinar firme para poder representar bem a cidade de Santos. Após ir bem nas competições, Beth optou pela troca de esporte.
No ano de 2019, ela quebrou o recorde mundial do lançamento de peso e do lançamento do disco na classe F52, para atletas que competem em cadeira de rodas. Também conquistou uma medalha de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de 2019 em Lima, no Peru.
Em 2021, ganhou a segunda medalha de ouro para o Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio 2020, ao quebrar duas vezes seu próprio recorde mundial no lançamento de disco na classe F52, consolidado no último lançamento de 17,62 metros.
Nas Paralimpíadas de Tóquio 2020, ela foi a atleta mais velha da delegação brasileira, competindo aos 56 anos. Por sua tenacidade ao superar adversidades e força para se reerguer após repetidas provações, Beth é conhecida pelo apelido “Fenix”.
“O segredo dessa longevidade é a resiliência. É ter a certeza de que você é capaz de alcançar seus objetivos independente de sua idade. Todo dia eu ressurjo das cinzas como uma Fênix, é assim que me chamam", conta.
No ano de 2017, Elizabeth teve um novo surto que paralisou todo o lado esquerdo de seu corpo, e precisou ter sua classificação como competidora alterada, passando de F54 para F52.
“A minha patologia faz com que eu viva um dia de cada vez, eu não sei o dia de amanhã. Eu sempre digo que a esclerose múltipla é minha amiga, ela caminha do meu lado. Mas ela nunca vai me vencer”, afirma.
Apesar de teoricamente estar com uma idade avançada, Elizabeth não pensa em abandonar o atletismo tão cedo. "Se depender de mim e da minha treinadora, vou ficar no atletismo até os 70 e depois vou para bocha, que é mais leve”, brincou a santista.
Paris é logo ali
O esporte paralímpico brasileiro registrou um feito histórico no Mundial de Atletismo. O Brasil foi a delegação que mais conquistou medalhas e bateu o recorde do país na competição.
A delegação brasileira terminou a competição com 47 medalhas. Mesmo assim, o Brasil terminou atrás da China, na segunda posição da classificação geral, porque ganhou dois ouros a menos.
Apesar do ciclo ser mais curto, Beth Gomes acredita que o país será bem representado nas Paralimpíadas de Paris 2024. “Nós vamos fazer o nosso melhor pelo Brasil”.
“A medalha é consequência do trabalho, mas eu vou esta em Paris para trazer o bicampeonato olímpico para o Brasil”, finaliza a recordista mundial.
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