Em um programa especial dedicado à gastronomia, o Estação Livre desta sexta (30) recebeu Aline Chermoula, chef, historiadora e pesquisadora de culinária afro-brasileira, e Paulo Rocha, chef confeiteiro do restaurante Président e Ça-Va, do Chef Erick Jacquin.
Entre os assuntos abordados no programa está a origem da feijoada, prato típico brasileiro frequentemente associado à cultura das populações escravizadas no país. Para o pesquisador Carlos Alberto Doria, autor de A Formação da Culinária Brasileira, a história popular de que o alimento surgiu nas senzalas brasileiras é um mito: "Ser escravo é estar carente de liberdade de escolha. Seguramente o senhor escolhia o que os negros escravos deveriam comer. [...] Na senzala só surgia sofrimento e tristeza, não ia surgir feijoada", afirma.
No estúdio, Aline Chermoula comenta a análise: "Eu acho que isso vem de uma sequência de obras que são construídas em que o racismo permanece. [...] É muito claro para mim que um povo sem cultura é um povo que tende a se acabar, então o que essas personalidades vão construindo, do meu ponto de vista, é tentar deslegitimar a nossa contribuição em tudo que é bom que tem no Brasil, no sentido de nos enfraquecer, construindo esse apagamento cultural."
"Eu não sei qual foi o momento que a feijoada surgiu, mas eu sei que as minhas tias e as minhas avós faziam feijoada e a feijoada pertence à cultura delas de uma forma muito penetrante. Eu sei que a cultura não é estática, ela se move. [...] A principal questão para mim não é se foi na senzala que surgiu a feijoada ou não, mas como que nós utilizamos esse prato para nos representar", conclui.
Confira o trecho:
Assista ao Estação Livre na íntegra:
O programa é parte da nova grade de jornalismo da TV Cultura. A emissora, que já tinha em sua programação o Roda Viva e o #Provoca, às segundas e terças-feiras, no início de 2021 lançou os programas Manhattan Connection e Linhas Cruzadas, às quartas e quintas-feiras, e agora, completa a faixa semanal das 22h, com o Estação Livre.
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