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Imunologista tira dúvidas sobre vacinas contra a Covid-19

Em entrevista ao site da TV Cultura, Cynthia Mafra esclareceu mitos e verdades sobre imunizantes


23/06/2021 15h31

O site da TV Cultura conversou com a médica imunologista e alergista Cynthia Mafra para esclarecer mitos e verdades sobre a vacina da Covid-19, e a importância da vacinação em massa. Segundo ela, é fundamental que o país atinja pelo menos 50% da população imunizada para que a disseminação do vírus comece a diminuir.

De acordo com levantamento feito pelo instituto Our World In Data, que apura o número de vacinados no mundo inteiro, até a última quarta-feira (16), o país tinha imunizado mais de 80,3 milhões de brasileiros com primeira e segunda dose. O total da população protegida — com as duas aplicações — é de apenas 23,8 milhões, ou seja, 11.3% da nação.

Profissional da linha de frente da Covid-19, Mafra explica como a vacinação em massa contribui para a diminuição de casos e mortes. "Quando existe vacinação em massa, menos pessoas se infectam e ficam doentes, e ficando menos doentes, gera menos transmissão. À medida em que vamos vacinando mais pessoas, e mais pessoas vão tendo respostas imunológicas, quando se expuserem ao vírus e não transmitirem, a doença vai diminuindo”, explicou.

Veja imagens: Webstory: Mitos e verdades sobre vacinas contra a Covid-19

Mafra cita ainda o exemplo dos Estados Unidos, país que fez imunização em massa e já consegue ver uma redução na proliferação do vírus. Como consequência, houve relaxamento de algumas medidas sanitárias, como abandono de uso de máscaras em locais abertos no país. No Brasil, ainda não há previsão de liberação — já que a cobertura vacinal continua baixa.

Para a especialista, o ritmo de vacinação no país continua lento e o ideal seria imunizar cerca de 2 milhões de brasileiros por dia. Hoje, porém, a média não ultrapassa os 800 mil.

Leia mais: Médico explica o perigo da queda da cobertura vacinal no Brasil durante a pandemia

Desinformação e impacto na campanha de vacinação

Além da falta de imunizantes para toda população, a desinformação também atrapalha a vacinação. Nos últimos dias, surgiu o termo “sommelier de vacina” nas redes sociais. O nome é referente às pessoas que estão escolhendo qual das 3 vacinas em circulação no Brasil querem tomar.

“É uma das coisas estranhas que vem acontecendo por causa das fake news, das desinformações e do pânico da população. A vacinação está na cultura da brasileiro. Nunca houve a pergunta ‘de qual marca é, de qual tipo ela é’. A gente ia lá e tomava a vacina. Com a cadeia de desinformação, as pessoas estão com medo e começaram a escolher a vacina, mas isso não é recomendado”, disse a imunologista sobre o tema.

Segundo ela, o fato das pessoas escolherem qual imunizante desejam tomar é muito perigoso, já que as eficácias não são comparáveis. Cada uma das vacinas foi avaliada em um estudo diferente e desenvolvida com tecnologias diversificadas. “Escolher a vacina é perigoso e atrasa a imunização. Cada dia que a pessoa demora a ser vacinada, é mais um dia que ela corre risco de pegar a doença e desenvolver formas graves. A gente só vai ter uma segurança quando o vírus parar de circular”, disse Mafra.

Outra questão que muitas pessoas têm dúvidas nas redes sociais é sobre a segurança das vacinas. A médica ressalta que para um imunizante entrar em circulação e para aplicação em humanos, é necessário que seja verificado sua segurança durante os estudos clínicos de fase um e dois. Além disso, as agências reguladoras, como a ANVISA, no caso do Brasil, verificam se é seguro ou não. Por isso, reações como febre, dor de cabeça e cansaço são normais e não apresentam risco.

Leia também: Butantan abre pré-cadastro para voluntários de testes da vacina ButanVac

Mitos e Verdades sobre as vacinas contra Covid-19


A médica imunologista também esclareceu alguns mitos, verdades e dúvidas da população sobre as vacinas contra a Covid-19.

As vacinas contra a Covid-19 podem alterar o DNA humano

FALSO

“É biologicamente impossível mudar o DNA. As vacinas inoculam o RNA, que nunca se transforma em DNA.”

As vacinas só têm eficácia se a pessoa tomar as duas doses

VERDADEIRO

“Se a vacina foi desenvolvida e estudada com duas doses, a eficácia plena só será atingida após a aplicação de ambas.”

Quem já teve Covid-19 não precisa se vacinar

FALSO

“Quem teve a doença precisa se vacinar. A imunidade conferida pela vacina é muito maior e mais duradoura do que pela doença. A proteção pelo vírus é variável, se a pessoa apresentar um quadro leve, traz pouca imunidade, um quadro mais grave traz mais resposta imunológica. A vacina é um estímulo controlável, é possível medir com mais certeza. Quem teve a doença precisa se vacinar sim, a imunidade pela doença é transitória.”

Quem estiver vacinado pode abandonar as máscaras e outras proteções

FALSO

“O vírus está circulando em níveis altíssimos. Quem foi vacinado está exposto porque não foi atingido a imunidade de rebanho, ou seja, mais da metade da população ainda não está protegida. Além disso, a pandemia não está controlada, quem está vacinado tem que usar máscara, álcool, respeitar o distanciamento, evitar aglomeração e se vacinar quando chegar a hora.”

Sentir reação à vacina é normal

VERDADE

“Sentir reação é normal sim, significa que o sistema imunológico está respondendo ao estímulo vacinal. Cada pessoa responde de um jeito, a imunidade está associada à genética, e isso é individual. É normal sentir febre, dor no corpo. A reação da vacina não é nada perto de uma covid grave, e a vacina reduz muito as formas da covid grave.”

É possível tomar as duas doses e se contaminar?

VERDADE

“É possível porque o vírus continua circulando, e você pode ser exposto. Nenhuma vacina dá 100% de proteção, mas se você tomou as duas doses e 14 dias já se passaram, você já está com a imunização plena e a chance de infecção é pequena. Se contaminada, a pessoa imunizada é mais propensa a desenvolver um caso leve.”

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